Uma pesquisa realizada no período de janeiro a novembro de 2015, em sete capitais brasileiras, ouviu quase sete mil alunos do do Ensino Fundamental e Médio e serviu como subsídio para o livro “Juventudes na Escola, sentidos e buscas: porque frequentam?”. A publicação foi apresentada nesta quinta-feira, 14, na Escola de Governança do Estado do Pará, pela autora, Miriam Abromovay, juntamente com os dados do Programa de Prevenção à Violência nas Escolas, iniciativa da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e do Ministério da Educação (MEC), que no Pará tem a parceria da Fundação Pro Paz e das Secretarias de Estado de Educação (Seduc) e Extraordinária de Políticas Públicas de Integração (Seeiops).
Ao todo, 6.709 alunos na faixa de 12 a 29 anos, foram ouvidos pela pesquisa em Maceió (AL), Fortaleza (CE), Salvador (BA), João Pessoa (PB), Belém (PA), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ). O programa previu a escolha de dez estudantes por escola, que ficaram responsáveis pela aplicação da pesquisa com seus colegas, permitindo que a coleta das informações fosse a mais precisa possível por conta da proximidade entre entrevistador e eentrvistado.
De acordo com a Flacso, o objetivo da pesquisa é implantar o programa e avaliar os dados da violência no Estado, tendo como eixo estruturante a participação de jovens de 15 a 29 anos no diagnóstico, construção e negociação política das estratégias contra a violência, tomando como ponto de partida os enunciados básicos do Estatuto da Juventude.
A partir desses dados, o Governo do Pará pretende desenvolver políticas públicas voltadas para a redução da violência e o fomento da cultura de paz nas escolas. A intenção é que, ao conhecer as causas que trazem a violência para dentro do ambiente escolar, os diversos órgãos governamentais tenham condições de propor alternativas e projetos de intervenção para transformar essa realidade, promovendo a interação entre a comunidade escolar e do entorno.
Rebeca Costa, 15 anos, aluna da Escola Justo Chermont, participou como pesquisadora do projeto e destaca a importância da iniciativa para a melhoria do ambiente escolar. “Foi muito importante pra mim fazer parte dessa pesquisa. Muitas pessoas tinham medo de falar, mas, aos poucos fomos vencendo essa barreira e, conversando com elas, descobrimos informações que serão muito úteis para criarmos, junto com a direção da escola, projetos para combater o problema da violência”, afirmou
“Para nós essa pesquisa foi muito importante porque, em primeiro lugar, destacamos o protagonismo juvenil dos nossos alunos a partir do momento que eles mesmos recolheram as informações e fizeram as entrevistas. Agora, junto com eles, vamos utilizar estes dados para planejar ações de intervenção na escola, dando continuidade a este trabalho”, explicou Arlene Cristina, técnica responsável pelo programa na Escola Estadual Justo Chermont
Para Miriam Abromovay, o próximo passo é dar continuidade ao programa nas escolas por meio das ações. “Nós faremos diversas reuniões ao longo dos próximos dias para vermos como incorporar todo esse programa aos currículos das escolas. Além disto, queremos promover uma capacitação com os professores e equipe técnica para saber como lidar melhor com os problemas que descobrimos. O Pro Paz já desenvolve diversas ações nesta área e com esta parceria esperamos encontrar um caminho para essa mudança no ambiente escolar”, afirmou.
“A Fundação Pro Paz participou ativamente desta pesquisa em parceria com a Flacso e queremos agora, através do Pro Paz Escola, ajudar a criar alternativas saudáveis para melhorar o cotidiano escolar e preencher as necessidades relatadas pelos alunos”, finalizou Jorge Bittencourt, presidente da Fundação Pro Paz.
A Flacso – A Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) é um organismo internacional, autônomo e de natureza intergovernamental, fundado em 1957 pelos Estados Latino-Americanos, que acolheram uma recomendação da XI Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Atualmente, é composta por 19 Estados-membros que desenvolvem atividades acadêmicas, pesquisas e modalidades de cooperação em 14 países da América Latina e do Caribe, além da Espanha, conforme deliberação da última reunião da Assembleia Geral da entidade, em maio de 2014, na Guatemala. No Brasil, com sede na cidade do Rio de Janeiro e uma unidade na capital paulistana, a Flacso desenvolve atividades de pesquisa e de formação nas áreas de educação, direitos humanos, saúde, juventude, violência.
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