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Por Marina Baldoni Amaral


capa_diagnostico_participativoA Flacso Brasil realizou, em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), o Diagnóstico Participativo das Violências nas Escolas: Falam os Jovens, como parte do Programa de Prevenção à Violência nas Escolas. O estudo foi realizado com a colaboração de professores e alunos das últimas séries do ensino fundamental, do ensino médio, e EJA, que foram capacitados para atuar no processo de diagnóstico, em escolas de sete capitais: Maceió (AL), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Vitória (ES), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Belém (PA).

O estudo alerta para a “tendência a um homogêneo panorama de violência nas escolas públicas, percebidas pelos alunos, ainda que a intensidade de determinados indicadores varie ou tenha marcas regionais”.

Segundo os dados encontrados, a maioria dos estudantes considera que já ocorreu algum tipo de violência nas suas escolas (70%), com exceção dos jovens das escolas de Belém, onde 89% indicaram que não teria ocorrido nenhuma violência. A percepção de que nas escolas teria ocorrido algum tipo de violência foi mais intensa em Maceió (85%), Salvador (83%) e Belo Horizonte (80%).

Considerando o conjunto de cidades pesquisadas, cinco em cada dez jovens indicam que já foram agredidos nas escolas. Cyberbullying (definido pela pesquisa como “zoar, ameaçar ou xingar pela internet”) foi uma das agressões mais citadas, reportada principalmente em Vitória (37%), Belo Horizonte (27%) e Maceió, (27%). Roubos e/ou furtos foram apontados como outra violência comumente sofrida (25%), chegando a serem registrados em 33% em São Luís e 30% em Belém. Ameaças foram apontadas por cerca de dois em cada dez jovens, em cada cidade. Belém se destaca como a cidade em que os jovens menos indicaram ter sofridos agressões físicas (1%), quadro distante do apresentado por Salvador (17%) e Maceió (17%). Chega a 2% os relatos de violências sexuais na escola tomando como referência o conjunto de cidades pesquisadas. Esse patamar é ultrapassado por Salvador e Vitoria, onde 3% dos alunos denunciaram, respectivamente, ter sofrido tal violência.

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Mais de um terço dos entrevistados (27,4%) apontam que já sofreram algum tipo de discriminação. Discriminação pelo “lugar onde mora” é uma das construções mais citadas (19%), principalmente em Maceió (28%), São Luís (25%) e Fortaleza (21%). “Raça” e “religião” foram citados por 18% cada. A pesquisa destaca a variedade de temas usados para discriminar: “há jovens que se perceberam vitimizados por sua ‘deficiência física’ (9% em Vitoria, 7% em Salvador, sendo que a média para o conjunto de cidades foi de 6%); por sua ‘orientação sexual’ (assinalado em 11% em Vitoria e 3% em São Luís, e em torno de 6,0% na maioria das demais cidades), por sua ‘classe social’ (cerca de 10% em Belém e Salvador, 9% em Fortaleza); já por preferência política chegou ao nível de 6% em Vitoria, superior ao anotado em outras cidades (em média 4%)”.

 A diretora da Flacso Brasil, Salete Valesan Camba, avalia que o caráter participativo da pesquisa, que incluiu estudantes e professores na realização do diagnóstico, tem “como resultado a possibilidade de, ao mesmo tempo em que desenvolve a pesquisa, formar educadores e jovens como pesquisadores da própria realidade, levando resultado aos pais e à comunidade em um processo de formação e educação”.

O estudo foi coordenada por Miriam Abramovay e realizado por Mary Garcia Castro, Ana Paula da Silva e Luciano Cerqueira. Conheça o diagnóstico completo aqui.