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Por Marina Baldoni Amaral

O Grupo Estratégico de Análise da Educação Superior (GEA-ES), da Flacso Brasil, publicou em 2015 vários artigos de opinião que abordam temas relacionados a políticas afirmativas e inclusão social no ensino superior. Você pode ler e baixar estes e outros textos, disponíveis na página do projeto.

No artigo O debate sobre ações afirmativas no Ensino Superior no Brasil e na África do Sul, a socióloga Graziella Moraes Silva analisa as semelhanças e diferenças entre as argumentações sobre a implementação de políticas afirmativas nos contextos sociais dos dois países a partir de entrevistas com reitores e subreitores de universidades brasileiras e sul-africanas.

Em As ações afirmativas na URGS: Avanços e Desafios, Gregório Durlo Grisa, doutor em Educação e membro da Comissão de Avaliação das Ações Afirmativas da UFRGS, avalia os resultados da implantação do sistema de cotas adotado pela universidade em 2008, quando 30% do total de vagas foi reservado para alunos oriundos de escolas públicas e metade desse percentual, reservado para autodeclarados negros.

Márcia Marques, professora e pesquisadora do departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Graziele dos Santos Cerqueira, graduada em Estatística pela UFF, fazem uma Análise do desempenho acadêmico dos cotistas dos cursos de Medicina e Direito no Brasil, buscando “verificar se, após cursar a graduação, o diferencial de desempenho acadêmico continua inferior entre os cotistas, comparado com aqueles que ingressaram por livre concorrência”.

O artigo Prouni: Limites, avanços e desafios em uma década de existência, de Wilson Mesquita de Almeida, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), avalia diversos aspectos do Prouni e suas consequências: desde a influência de donos e representantes de Instituições de Ensino Superior no desenho da política , até seu papel na inclusão social, “atingindo uma faixa de estudantes de baixa renda até então sem muitas perspectivas de fazer o ensino superior”.

Rosélia Pinheiro de Magalhães, mestre em Serviço Social e assessora da Superintendência Geral de Políticas Estudantis da UFRJ, e Simone Cazarin de Menezes, doutoranda em Serviço Social e diretora da Divisão de Apoio ao Estudante da UFRJ, fazem um histórico das políticas afirmativas no Brasil e avaliam o caso da UERJ. Em Ação afirmativa na UFRJ: Implantação de uma política e dilemas de permanência, elas avaliam que somente a adoção dessas ações para o acesso ao ensino superior público, “não é capaz de produzir uma transformação na lógica dessas instituições, de forma a atenuar os mecanismos de conservação social que lhes são característicos e que acabam por promover um processo de exclusão que não pode ser ignorado”.

Os artigos O novo habitus de estudantes da universidade pública no interior do nordeste – dos pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Patricia Bandeira de Melo , Luís Henrique Romani Campos e Alexandre Zarias – e Cor e curso na interiorização de uma Universidade Federal – de Hustana Maria Vargas, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) – tratam o recente fenômeno da expansão de instituições de ensino superior para municípios no interior do país.

No primeiro artigo, os autores apresentam informações de questionários e grupos focais realizados com alunos das instituições interiorizadas, com o objetivo de observar a consistência do processo, “considerando como as carreiras e os sonhos desses universitários foram modificados com a nova realidade”.

Na segunda publicação, Vargas investiga se as chances de ingresso nos vários cursos aumentam para candidatos negros com o aumento de vagas em universidades federais, principalmentee no turno da noite e em unidades fora dos grandes centros urbanos. A pesquisadora apresenta um estudo de caso da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Em O Prouni e a democratização do acesso à educação superior no brasil: os diferentes sentidos de uma política pública, Eugenia Portela de Siqueira Marques – coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) – aborda diferentes aspectos do Programa Universidade para Todos (ProUni), criado em 2005 pelo Ministério de Educação, que concede bolsas de estudo integrais e parciais a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior, aprovados em instituições privadas de educação superior.

Ela discute o perfil e a eficácia dessa política que “recebeu apoio de diversos setores da sociedade que acreditaram na possibilidade de democratização do acesso à educação superior e de inclusão social por meio de ação afirmativa” e “também recebeu críticas de segmentos que apontavam, entre outros aspectos, que o programa constituía-se em uma manobra do Executivo para favorecer as instituições de educação superior privadas, por meio de renúncia fiscal”.

No artigo A parceria entre universidade e movimentos sociais na ampliação do acesso e permanência ao ensino superior público, Vinicius Santos Fernandes, estudante de Comunicação Social da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), analisa o papel dos movimentos sociais com a implementação de políticas públicas de ação afirmativa nas universidades brasileiras, “que pretendem transformar essa organização social em um espaço democratizado e de interferência”.

Em Ingresso na universidade pelo sistema de cotas: entre desafios e sentidos diversos, Andrea Bayerl Mongim – pós-doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro – apresenta resultados parciais uma pesquisa etnográfica feita com estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) que ingressaram na instituição por meio do sistema de cotas, oriundos de famílias de classes populares. Ela analisa o processo de ingresso de estudantes de Medicina e Ciências Sociais, representativos de configurações relativamente diferenciadas, destacando desafios, dilemas e constrangimentos.