Grupo de engenharia de energia fez trabalho como conclusão de curso.
Sensores poderão ser usados para detectar vazamentos em petroleiras.
Gabriel Luiz
Do G1 DF
Na Universidade de Brasília (UnB), três estudantes de engenharia de energia desenvolvem um projeto que usa nanotecnologia para medir o grau de poluição do ar. Priscila Gonçalves e os irmãos Eduardo e Luiza Araújo trabalharam no desenvolvimento de nanossensores como projeto de conclusão de curso. O material ainda está sendo aperfeiçoado, mas a expectativa é de que possa servir para detectar grandes vazamentos em estações de petróleo, por exemplo.
Os nanossensores são montados em laboratório pelos próprios estudantes. Sobre placas de alumínio, eles aplicam materiais – como nanotubos de carbono ou dióxido de estanho – que reagem com partículas do ar. Após a resposta desses produtos, é possível identificar que gás está presente na atmosfera.
Quem levou a ideia para a UnB foi a professora peruana María del Pilar Hidalgo, que já pesquisava o assunto durante o pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Com verba de R$ 1,5 milhão do CNPq, ela conseguiu atrair um grupo de alunos, dos quais os irmãos fazem parte, para lidar com tecnologia de ponta, no campus da UnB no Gama.
Apesar de a UnB possuir um equipamento capaz de fazer a leitura das placas de metal, o grupo teve de levar os resultados à USP porque ainda não teve treinamento para usar a máquina em Brasília, mais avançada. A viagem a São Paulo foi custeada pelos próprios estudantes. “Aqui é na força de vontade”, relatou Luiza, de 23 anos, prestes a se formar.
“Quando estiver pronto, o equipamento pode ser usado para ver se há vazamento de gases em indústrias e residências. No momento, estamos observando padrões para ver como se comportam os gases”, disse Luiza. “Em qualquer lugar que haja encanamento de gás, o produto vai servir”, continuou a estudante de 25 anos Priscila Gonçalves.
Segundo Eduardo, uma mineradora do Peru já se interessou pelo projeto e convidou os estudantes para ajudá-los a verificar o nível de amônia no local. Já uma importante petroleira do Brasil também mostrou disposição em chamar os alunos para identificar vazamentos em plataformas. “Sabem que está tendo vazamento, mas não sabem onde ele acontece nem que tipo de gás está vazando”, afirmou o engenheiro, que acabou de se formar.
Antes desinteressante, o meio ambiente se tornou assunto de relevância para esses estudantes após ingressarem no curso da UnB. “Eu já trabalhei monitorando gases em uma estação de esgoto e, com esse projeto, isso ampliou meus horizontes. Agora eu me atento mais ao assunto”, disse Eduardo, de 24 anos. A irmã, que estagiou inspecionando dejetos industriais de uma fabricante de bebidas, concorda: “A poluição virou uma preocupação minha porque isso afeta as pessoas que moram em volta”.
Corte de verba
Por e-mail, a professora María del Pilar Hidalgo lamentou ter de desativar os estudos em dezembro devido ao futuro corte de verba para pesquisa. Mesmo atuando como professora visitante na Universidade da Califórnia, em Davis, nos Estados Unidos, ela fica de olho nos estudantes em Brasília.
Ao G1, ela mencionou dificuldades para o projeto “sobreviver”. “Somos um campus novo, mas meus mestres, colaboradores, e humanitários da USP me ajudam muito para formar futuros engenheiros no Gama, já que lá tem um fator humano e talentoso alunos.”
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