fbpx
Customize Consent Preferences

We use cookies to help you navigate efficiently and perform certain functions. You will find detailed information about all cookies under each consent category below.

The cookies that are categorized as "Necessary" are stored on your browser as they are essential for enabling the basic functionalities of the site. ... 

Always Active

Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.

No cookies to display.

Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.

No cookies to display.

Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.

No cookies to display.

Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.

No cookies to display.

Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.

No cookies to display.

Por Marina Baldoni Amaral

formacao1

Foto: Andressa Anholete

Um grupo de mais de 50 jovens e adultos midialivristas, jornalistas, ativistas e representantes de coletivos e organizações sociais participaram do Encontro Nacional de Formação para Garantia dos Direitos da Infância e Juventude, nos dias 28 e 29 de outubro, em Brasília. O encontro foi realizado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), com apoio e parceria da Flacso Brasil, do Vida e Juventude, do Intervozes, da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada e Mídia NINJA.

Os participantes se reuniram durante dois dias com o objetivo de promover um debate sobre violações de Direitos das Crianças e dos Adolescentes e articular e construir estratégias de enfrentamento e resistência a essas violações. O evento contou com painéis, rodas de diálogo e articulação de rede entre os participantes para aturem no combate às ameaças.

Douglas Belchior, professor de história, integrante a rede de cursinhos populares Uneafro e conselheiro do Conanda, apresentou um painel sobre a história de violações de direitos da população negra no país e a luta dos movimentos sociais contra a redução da maioridade penal. Ele ressaltou a falta de conhecimento histórico sobre a escravidão no Brasil e suas repercussões atuais: “São três quartos da nossa história e a gente sabe mais sobre a escravidão nos Estados Unidos da América do que sobre a nossa. Qual cena de filme de escravidão vocês se lembram? Com o que a gente chorou mais, com as histórias da escravidão americana ou da nossa?”, questionou.

Douglas provocou o grupo a considerar a história do país para compreender o contexto social atual. “A nossa história é de violência, genocídio, escravidão e estupro. A redução da maioridade penal é uma das ações das elites. Mas não tem nenhuma novidade eles querem nos prender cada vez mais e cada vez cedo. Olhando para a história, não nos surpreende”, concluiu.

Bia Barbosa, do Intervozes, e Suzana Varjão, da Andi apresentaram um painel sobre O papel e a abordagem da mídia em relação ao ECA e ao debate sobre a redução da maioridade penal. Bia falou sobre o papel histórico exercido pela mídia em nossa sociedade para reforçar valores que sustentam as ameaças aos direitos de crianças e adolescente e para impedir que outras ideias sejam difundidas. “Temos requintes de crueldade nesse processo. Não só grupos econômicos dominam a mídia, grupos políticos também. É um diferencial muito importante do perfil da comunicação do país”, avaliou.

Suzana Varjão falou sobre os programas policialescos que violam diariamente direitos garantidos na legislação. Ela defendeu que temos que enfrentar a “pretensa utilidade” desses programas, que justificam violações como o desrespeito à presunção de inocência dos acusados com o argumento de que a prática ajudaria a solucionar os casos . “Esse tipo de programa está fazendo mal à democracia brasileira e violando direitos, não interessa se o público gosta ou não gosta. Se faz mal a sociedade, tem que ter lei”, argumentou.

 Foto: Andressa Anholete

Foto: Andressa Anholete

Para ela, é patente a falta de compromisso do Estado brasileiro com o impacto do campo da comunicação na sociedade. “Temos que exigir do Estado a fiscalização”, defendeu. O participante Milson dos Santos, do Maranhão, que trabalha com comunicação em plataformas livres, argumentou que é preciso também criar ferramentas para combater as violações de direitos na mídia: “A gente fica refém da TV, que tem fomentado uma situação negativa de jogar para os pobres a culpa dos problemas sociais. Precisamos usar ferramentas alternativas”.

Alessandro Muniz, membro da Rede Nacional de adolescentes e Jovens Comunicadores (Renajoc), criticou veículos tradicionais de comunicação propondo produção de conteúdos independentes. “Ao invés de sermos consumidores de comunicação ruim, vamos nos tornar produtores de uma comunicação boa”, disse.

O Mídia Ninja transmitiu o evento ao vivo pela internet. Elídia Vidal, integrante do grupo, destacou o papel das tecnologias e redes sociais no enfrentamento à pauta da redução e a atuação em rede para “construir a narrativa e trabalhar o imaginário social” sobre a questão.

Rodrigo Torres, presidente do Conanda e Secretário Substituto da Criança e do Adolescente no Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, avaliou que a atual conjuntura política brasileira apresenta novas ameaças para as pautas de Direitos Humanos, destacando a importância da “honestidade da comunicação” para barrar retrocessos. “Saiu uma pesquisa nos jornais que diz que 90% da sociedade é a favor da redução da maioridade penal. Quando nós fizemos uma pesquisa com perguntas derivativas percebemos que essas pessoas não são de fato a favor”, disse. “Precisamos de dados e informação, esse espaço serve para isso”, concluiu.

A participante Madalena Giostri, do coletivo de comunicação Desacato, também acredita que muitas vezes as pessoas não sabem o que é o que significa a proposta de redução da idade penal: “Falta informação, precisamos comunicar”.

Para Ivana de Siqueira, coordenadora executiva da Flacso Brasil, há um desconhecimento das políticas públicas que existem para executar os Direitos da Criança e do Adolescente. “Temos ainda muita resistência porque temos uma sociedade que prefere a punição. Nesse momento de construção de rede, precisamos esclarecer para a sociedade o que são essas garantias e quem são essas crianças e adolescentes”, disse.

Jardel Santana, representante do grupo Vida e Juventude, defendeu a importância de enfrentar as propostas de redução da maioridade penal: “as crianças e adolescente não pediram para nascer na sociedade que vivemos. Estamos tirando nossa responsabilidade e jogando na parte mais frágil”. Para ele, os grupos contrários a redução as vezes não “têm paciência” para desconstruir os argumentos favoráveis a mudança da idade penal. “Esse é o maior exercício que podemos fazer”, disse.

Alessa Nunes, integrante do grupo G-38 do Conanda, reivindicou o papel de protagonismo dos adolescentes nos espaços de discussão sobre violações de seus direitos e falou sobre o papel que podem exercer: “Infelizmente não é toda criança e adolescente que tem o entendimento da redução da maioridade penal é uma ameaça. Temos o papel de comunicar e dialogar com eles sobre isso, acho que essa atividade vai contribuir para isso”.