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Documento assinado na Esalq deve servir de modelo para outros campi.
Ato teve participação do reitor da universidade, Marco Antonio Zago.
Do G1 Piracicaba e Região

Recepção de alunos da Esalq, em Piracicaba, durante matrículas (Foto: Alessandro Meirelles)

Recepção de alunos da Esalq, em Piracicaba, durante matrículas (Foto: Alessandro Meirelles)

Um acordo assinado entre o Ministério Público (MP) e a USP de Piracicaba (SP) pretende reprimir a prática de trotes violentos dentro da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da universidade no município.

O documento é uma recomendação administrativa feita nesta terça-feira (6) pelas Promotorias Cível e de Direitos Humanos ações disciplinares que deverão ser adotadas na unidade. Em nota divulgada, o reitor Marco Antonio Zago afirmou que o acordo assinado na Esalq servirá de “modelo de atuação da USP para outros campi” da instituição.

O ritual de entrada de alunos na Esalq conta com abusos, agressões que resultaram em fraturas e comida estragada, segundo levantou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de São Paulo, que apurou a violação dos direitos humanos em trotes de universidades.

O G1 publicou relatos de jovens que denunciaram à CPI chibatadas e até envenenamento. Neste ano, um cartaz com uma espécie de “ranking” da vida sexual de alunas da Esalq foi exposto no campus e revoltou um grupo de estudantes da instituição. O material foi colocado em um pátio onde os universitários se reúnem. O caso também é acompanhado pelo MP.

Segundo a Esalq, as recomendações administrativas e disciplinares do Ministério Público serão seguidas para prevenção e repressão aos trotes violentos ou práticas que violem os direitos humanos e a dignidade dos alunos.

‘Preferimos educar’
Também em nota, o diretor da Esalq, Luiz Gustavo Nussio, disse: “Se precisar punir, vamos punir. Mas nós preferimos educar. Se um indivíduo que cria qualquer mal-estar é punido, não significa que ele esteja de fato corrigido. Precisamos trabalhar que essas pessoas possam seguir um padrão de comportamento adequado”.

Denúncias
Os promotores Aluísio Aluísio Antonio Maciel e Maria Cristina Marton Corrêa Seifarth de Freitas participaram da assinatura do acordo na Esalq. Segundo o MP, a recomendação administrativa tem caráter instrutivo, mas também inclui parceria com a Promotoria para registro de denúncias e análise de procedimentos relacionados a infrações disciplinares e também criminais.

Cartaz na Esalq faz 'ranking sexual' de alunos da USP (Foto: Élice Botelho/Arquivo pessoal)

Cartaz na Esalq faz ‘ranking sexual’ de alunos
da USP (Foto: Élice Botelho/Arquivo pessoal)

‘Ranking sexual’
No início de setembro, em audiência pública na Assembleia Legislativa, o diretor da Esalq afirmou que a instituição havia identificado responsáveis pela produção de cartaz com uma espécie de “ranking sexual” que expôs intimidades de estudantes no pátio do campus. Na ocasião, o Nussio afirmou que o caso foi levado ao MP.

O cartaz era dividido em colunas que atribuíam, com palavras de baixo calão e termos como “teta preta”, as supostas características de estudantes identificados pelos apelidos com que foram batizadas no campus, além do número de pessoas que teria mantido relações. Os “codinomes” são uma tradição na Esalq e muitos universitários os carregam após o curso.

Também em setembro, mas antes da audiência na Assembleia Legislativa, um ato de estudantes da Esalq cobrou ações da diretoria da instituição sobre o “ranking sexual”. Com cartazes e faixas, os jovens pediram explicações sobre as providências que seriam adotadas em relação ao caso.

Alunos se reuniram em frente a prédio da USP para pedir providências (Foto: Claudia Assencio/ G1)

Alunos se reuniram em frente a prédio da USP para pedir providências (Foto: Claudia Assencio/ G1)