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O último dia 29 de agosto foi especial para a Maria Francisca Coruja. Aos 86 anos, a aposentada se formou em direito pelo Centro Universitário La Salle, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Ela participou da colação de grau com mais 21 colegas, fez o juramento da profissão e comemorou, toda feliz, com a família.

“Foi tudo muito lindo. Recebi até homenagem. Eu sempre sonhei em ter um ‘Dra.’ [doutora] no meu nome. O sonho era medicina, mas agora não daria tempo”, brinca a formanda. “Escolhi o direito porque é uma área muito bonita e quero ajudar os idosos, mesmo que [de maneira] voluntária. Todas as pessoas deveriam conhecer [o direito].”

A recém-formada mal terminou a graduação e já começou a rotina de estudos para sua próxima missão: ser aprovada no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil): “Já comprei os livros e comecei a estudar. É muita coisa, mas eu vou passar. Vou estudar muito. Se não passar na primeira, eu passo na segunda, na terceira!”

Coruja, como gosta de ser chamada, fez graduação e pós-graduação em pedagogia no início de sua carreira e atuou 35 anos na área de educação. Mas com a morte do marido, em 1998, e de sua mãe, em 2009, a aposentada decidiu retomar os estudos “para ocupar o tempo e não ficar parada”. Segundo ela, os estudos a ajudaram a superar as perdas.

Se bem que ficar parada nunca foi uma realidade para a aposentada. Coruja coleciona entre 45 e 50 certificados de cursos diversos, em áreas tão diversas como culinária, italiano, espanhol e contabilidade. “Eu não paro nunca. E nunca vou parar. Moro sozinha e é uma maneira de ocupar meu tempo. Além disso, em todo contato com outras pessoas há sempre um aprendizado”, comenta.

Aluna nota 10

A formanda tem orgulho de dizer que nunca faltou um dia sequer durante os anos da graduação e que entregou todos os trabalhos exigidos pelos professores. Ela até arranjava um tempinho para ir ao bar com os colegas de faculdade e organizar churrascos com os futuros advogados.

“Já estou sentindo muita falta de todo mundo, das minhas correrias”, revela Coruja, que gastava diariamente 45 minutos de trem para chegar até Canoas — a viúva mora em Porto Alegre. “Além do trem, eu tinha que pegar um ônibus ou andar 20 minutos até a estação. Estourei minha coluna carregando todos aqueles livros”, relembra com bom humor.

Coruja conta ainda que passava o dia inteiro com a “cara nos livros”. Levantava às 6h, tomava café e começava a estudar. Só parava para almoçar, tomar seu “chazinho”, ir à igreja. E, claro, para a soneca das 14h. Após o jantar, ela “pegava nos livros e ia” para faculdade.

Alfabetização precoce

Filha de um professor e de uma dona de casa, Coruja aos cinco anos já sabia ler e escrever. Quando entrou na escola, surpreendeu seus professores. “Naquela época era um quase um fenômeno uma criança com essa idade já saber ler e escrever. Quando eles viam que eu já sabia, eles ficavam espantados”, lembra.
A bacharel em direito ressalta que sempre foi incentivada pelos pais a continuar os estudos e que passou isso para os dois filhos quando eles eram jovens. Ambos concluíram a graduação. O mais velho, de 66 anos, fez direito e a mais nova, de 59, educação física.
“Acho que o conhecimento é imprescindível na vida e ele não se esgota. Você sempre tem o que aprender. A vida deve ser uma eterna aprendizagem. A aprendizagem é como se fosse um alimento. E eu sinto a necessidade de aprender mais e mais. Nunca vou parar”, afirma.