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DCE acompanha a apuração e repudia a atitude.
Universidade diz que autores podem ser expulsos da instituição.

Do G1 Zona da Mata

Pichações apareceram há mais de um mês nos banheiros (Foto: Reprodução / Facebook)

Pichações apareceram há mais de um mês nos
banheiros (Foto: Reprodução / Facebook)

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) abriu uma sindicância para apurar pichações homofóbicas e de cunho religioso que apareceram nos banheiros do Centro de Vivência, no campus na Zona da Mata.

De acordo com a assessoria da instituição, as mensagens surgiram há cerca de um mês e meio, como mostram as fotos publicadas em rede social e cedidas pela assessoria da instituição ao G1.

No início de maio foi aprovada uma moção de repúdio pelo Conselho Universitário, a partir de encaminhamento feito por movimentos sociais organizados de estudantes.

A Pró-Reitoria de Assuntos Cominitários está investigando os possíveis autores e deve basear as ações na Lei dos Direitos Humanos, na Constituição Federal e no Regimento Geral da UFV, que permite a expulsão de estudantes que infrinjam direitos humanos.

Segundo informações publicadas no site da UFV, a pró-reitora de Assuntos Comunitários (PCD), Sylvia Franceschini, destacou que a instituição não vai tolerar qualquer caso de preconceito dentro do campus e que esta e qualquer outra ocorrência serão punidas de forma exemplar. O G1 entrou em contato com a pró-reitora para mais informações, mas foi informado de que ela estava em reunião na parte da manhã.

A nota publicada pela UFV ainda diz que o movimento Primavera nos Dentes, que reúne a comunidade de alunos homossexuais na instituição, as redes sociais de estudantes e outros grupos organizados estão solidários à causa e devem ajudar na investigação dos autores das frases homofóbicas.

Outra pichação registrada pelos alunos e publicada na rede social foi denunciada ao Conselho Superior da UFV (Foto: Reprodução/ TV Integração)

Outra pichação registrada pelos alunos e publicada na rede social foi denunciada ao Conselho Superior da UFV (Foto: Reprodução/ TV Integração)

‘Crime de ódio’, diz DCE
De acordo com as informações divulgadas pela UFV, quase todas as pichações têm um cunho religioso, com frases que prometem as bênçãos divinas para assassinos de homossexuais. Algumas têm a assinatura do Movimento Contra os Homossexuais (MCH), a mesma sigla que aparece em pichações em muros e banheiros públicos da cidade.

Gays são abominações da natureza que foram enviados à Terra para desvirtuar e sujar a Palavra de Deus. A própria Bíblia diz que os efeminados (gays) não herdarão o Reino do céu. Vamos ‘descriminar’ e perseguir homossexuais para servir a Deus e a Jesus Cristo!” e “Vamos matar homossexuais! Deus vai nos ajudar a ‘eterminar’ essa praga da face da terra!” – estas são duas das mensagens, inclusive com os erros de grafia e Português que foram escritas no banheiro do Centro de Vivência da UFV.

No mesmo prédio funciona a sede do Diretório Acadêmico dos Estudantes (DCE). Em entrevista ao G1, o integrante do Diretório, Marcos Tadeu Pereira Paiva, destacou que o movimento acompanha a apuração do caso e repudia a atitude.

“Isso fere todo o direito de liberdade individual. É crime de ódio. Na pichação estava caracterizado um grupo, mas a gente não considera que exista ainda de forma organizada. É uma situação desconfortável e problemática. A universidade e o movimento estudantil defendem a diversidade, a pluralidade e a aceitação, não podemos permitir que ocorram manifestações de um crime de ódio no prédio destinado às manifestações culturais e onde fica a sede do DCE”, disse.

As pichacões apareceram nos banheiros do Centro de Vivência (dir) (Foto: CCS/UFV)

As pichacões apareceram nos banheiros do Centro
de Vivência (dir) (Foto: CCS/UFV)

Segundo Marcos Tadeu Pereira Paiva, o DCE teve informações de que foram entre seis e oito pichações registradas no período e denunciadas ao Conselho Superior.

“As paredes já foram pintadas e vamos cuidar para que isso não se repita. O caso foi encaminhado para a apuração pela universidade através de uma sindicância. Acompanhamos junto com o Fórum de Combate às Repressões, formado por estudantes integrantes de diversos coletivos que atua contra este tipo de atitude”, ressaltou.

Além disso, a proposta é de que o caso promova uma discussão ampla no ambiente universitário. “O DCE e os representantes dos estudantes no Conselho encaminharam um projeto para realização de cursos de reciclagem para estudantes e para os professores para discutir as questões referentes a homofobia, machismo, de gênero e de sexo em geral, para todos estarem mais informados para tratar dos temas”, explicou.