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Variação foi maior do que a de alunos e de professores; reitor eleito aponta especifidade da instituição

Ocupado . Alunos o cupam a Reitoria da UFRJ após Conselho SuUnique foi suspenso por falta de quórum e com críticas ao reitor - Pedro Teixeira / PEDRO TEIXEIRA

Ocupado . Alunos o cupam a Reitoria da UFRJ após Conselho SuUnique foi suspenso por falta de quórum e com críticas ao reitor – Pedro Teixeira / PEDRO TEIXEIRA

Em meio à crise dos terceirizados, que paralisou sete unidades da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a discussão sobre a necessidade de novos servidores perante a expansão da instituição ganhou os plenários universitários. Porém, o Censo da Educação Superior, do MEC, mostra significativa expansão deste segmento na instituição. De 2003 a 2013, os funcionários foram os que tiveram a maior ampliação, de 97%, no seu quadro. Crescimento superior ao de alunos na graduação, que foi de 57%, e ao de docentes em atividade na graduação, com 23%. Com isso, a proporção de estudantes por docente aumentou de 8,7 para 11,2. Processo inverso aconteceu com os funcionários, cuja proporção caiu de 5,9 para 4,7, ou seja, cerca de cinco alunos por servidor.

Os números criam uma dificuldade no orçamento da instituição. Como a maioria dos funcionários é de terceirizados, é da verba do custeio (cuja principal meta deveriam ser os investimentos) que sai o pagamento das empresas responsáveis por eles. E, se comparado com o de outras universidades, o número de servidores se mostra bastante elevado. A relação de alunos por funcionário no total das instituições de ensino superior foi de 9,8, em 2013, o dobro da taxa de 4,7 na UFRJ. O reitor eleito Roberto Leher, que deve assumir em julho, afirma que a especificidade da instituição a leva a esta configuração diferenciada.
— Estes números mascaram uma especificidade da UFRJ. Se olharmos de 2007 a 2014, veremos que o aumento de funcionários foi só de 10%. Além disso, apesar dessa grande variação na década, isso não considera a especificidade de uma universidade de grande porte, a maior na esfera federal, aliás. Nós temos hospitais e centros tecnológicos que precisam de técnicos específicos. Esses espaços são fundamentais para a formação de médicos, por exemplo — afirma Leher, que traça comparações com outras instituições — Houve universidades que expandiram muito a área de Humanas. Esta é uma área que precisa muito do professor, mas não há esse aparato técnico, como em outras disciplinas.

REITORIA É OCUPADA POR ESTUDANTES
O reitor eleito afirma que a atual situação da UFRJ causa indignação e diz que já está conversando com o atual dirigente da universidade, Carlos Levi, para atuar nessa questão. Segundo Leher, as empresas terceirizadas estão irregulares porque no contrato estabelecido com a UFRJ há a previsão de não pagamento pela instituição por três meses, sem que isso comprometa a remuneração dos funcionários pelas empresas.
— Precisamos tomar providências imediatas. Vamos exigir o compromisso dos contratos. A UFRJ está atrasada, mas está dentro do estabelecido. Além disso, vamos discutir uma luta mais ampla. Temos que pensar que estas vagas devem ser preenchidas por concurso e não por terceirização.
A discussão sobre os terceirizados gerou um novo capítulo na crise da UFRJ, com direito a interrupção de reunião, ocupação da reitoria e mais uma unidade fechando as portas. Na manhã de ontem, o Conselho Universitário se reuniu para discutir assistência estudantil, mas, devido a um compromisso com o ministro da Cultura, o dirigente da universidade saiu uma hora antes do fim da reunião, o que gerou protesto e gritos de “omisso” dos estudantes.

Após a saída do reitor, os estudantes decidiram ocupar a reitoria até que o dirigente voltasse para se posicionar sobre o pagamento dos terceirizados, a reabertura do edital de bolsa-auxílio aos estudantes e sobre o alojamento universitário. No começo da noite, os alunos foram recebidos pelo reitor para uma reunião.
As restrições orçamentárias na UFRJ culminaram na suspensão de aulas na Escola de Comunicação, no Colégio de Aplicação, na Escola de Educação Infantil, no Instituto de Filosofia e de Ciências Sociais, na Faculdade de Arquitetura e na Faculdade Nacional de Direito, que retomou suas atividades, mas pode sofrer nova interrupção segunda-feira caso os serviços não voltem. A UFRJ diz que o Ministério da Educação (MEC) ainda não repassou os valores estabelecidos; já o governo diz que seus pagamentos estão em dia. (Colaboraram Paula Ferreira e Thiago Jansen).