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Inscrições no banheiro dizem que preto deve servir o branco e que são escravos.

Alunos negros da USP Leste estão evitando ir às aulas após a onda de racismo na universidade. O clima de repressão é um dos maiores motivos para a desistência, de acordo com os estudantes. E mais um caso de racismo, registrado no banheiro da USP Leste nesta quarta-feira (13), agravou o quadro de desistência.
No ato criminoso, foi escrito na parede a seguinte frase: “Preto acha que tá podendo porque estuda. Coitado do preto. Mal sabe que ainda é escravo. Preto tem que servir o branco!”.
Ao menos três alunos do coletivo Negros e Negras deixaram às aulas na última semana e outros alunos vão até o campus, mas preferem não assistir às aulas, onde se sentem recriminados por lutarem por seus direitos.
A aluna de gestão de políticas públicas Bruna Tamires (uma das denunciantes dos casos de racismo) é uma das pessoas negras que, nas palavras dela, desanimaram com o cenário de repressão vivido no campus.
— Quando os estudantes negros não se manifestavam contra o racismo institucional tudo parecia bem, o mito da democracia racial prevalecia. Agora, que nos manifestamos, os racistas apareceram e se revoltaram pelo fato de estarmos lá e ainda exigirmos mais negros nas universidade.
Bruna conta que é difícil ter que estar em um lugar onde todos os estudantes e professores brancos acreditam que as reivindicações da comunidade negra são desnecessárias.
— Antes eu ia pra USP Leste tranquila, agora não mais. Saio da estação de trem e preciso colocar uma armadura para os olhares e tomar cuidado para não entrar em um banheiro onde esteja escrito que eu devo morrer (fazendo referência a uma das inscrições racistas encontradas também no banheiro da universidade na semana passada.)

"Preto acha que tá podendo porque estuda. Coitado do preto. Mal sabe que ainda é escravo. Preto tem que servir o branco!".

“Preto acha que tá podendo porque estuda. Coitado do preto. Mal sabe que ainda é escravo. Preto tem que servir o branco!”.