Redução de R$ 700 mil no orçamento, que segue redução de gastos no Estado, tirou recursos da iniciativa
RIO – A Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj) cortou cerca de 2 mil vagas para o ano letivo de 2015 do Pré-Vestibular Social (PVS), um serviço direcionado sobretudo a alunos carentes financeiramente. A redução se deve a um corte de R$ 700 mil no orçamento do projeto, que era de R$ 6 milhões. Ou seja, uma redução de mais de 10%.
Tutores do cursinho escreveram uma carta aberta ao presidente da Fundação Cecierj, Carlos Bielschowsky, e ao governador Luiz Fernando Pezão, questionando os cortes e reivindicando melhores condições de trabalho. Segundo dados fornecidos por eles, o número de vagas oferecidas em 2014 foi de 18.420. Já a diretora do PVS, Celina Costa, fala em 17.620. Para este ano, serão 15.720 vagas.
FECHAMENTO DE ALGUNS POLOS
Os tutores também reclamam da falta de vínculo empregatício, dos atrasos recorrentes e do congelamento do valor das bolsas há três anos e meio, além do fechamento dos polos de Tijuca, Santa Maria Madalena, Complexo do Alemão e Rocinha, estes dois últimos aos sábados.
Na carta, eles reivindicam reajuste de 20% nas bolsas e a abertura de um edital de cursos intensivos (de curta duração, que começam mais perto do Enem) para compensar os 15% a menos das vagas de extensivos (cursos de longa duração, que começam no início do ano), além da reabertura dos polos fechados. A remuneração varia de R$ 550, para tutores que trabalham em polos com quatro turmas, a R$ 687, nos locais com seis turmas.
— As pessoas estão muito indignadas com tudo o que vem acontecendo. Já há alguns anos somamos uma diversidade de insatisfações. No entanto, essa nova medida de redução de oportunidades aos alunos foi considerada o estopim para o fim do nosso silêncio — disse Leyza Buarque Lucas, porta-voz dos tutores do PVS.
Na última semana, reportagem do GLOBO mostrou a história de sucesso de duas alunas da rede estadual de ensino — Larissa Moraes e Lohraine Souza — que tiraram nota mil na redação do Enem 2014 com a ajuda do reforço do curso preparatório.
Segundo Celina Costa, diretora do PVS, os polos da Tijuca e de Campo Grande foram fechados porque funcionavam em escolas estaduais que estão desativadas para obras de reforma. Já o polo de Santa Maria Madalena teria sido encerrado devido à baixa procura de alunos (de cem vagas, teriam sido preenchidas 35 em 2014), que teria sido compensada com a abertura de outro em Miracema, com a mesma capacidade para cem alunos.
— Os da Rocinha e do Alemão não foram fechados, apenas transferidos de escolas estaduais para prédios próprios. Têm o mesmo número de vagas, só que as aulas que eram sábado passaram para terça e quinta. O PVS tem um convênio com a secretaria estadual de Educação para servir merenda. Não adianta colocar aula o dia inteiro e não dar comida os alunos. Como dar merenda no sábado num lugar que não tem cozinha? — questiona Celina. — Esperamos inclusive que, com a mudança no polo da Rocinha, recebamos mais alunos. Tínhamos 240 vagas, mas preenchíamos só 81.
Leyza encaminhou e-mail ao GLOBO atribuído à direção do PVS em que é informado que, por conta do corte orçamentário, “há previsão de redução de turmas a partir do intensivo em todos os polos, que poderão ficar com quatro turmas, impactando no valor da bolsa a partir de junho”. Mas Bielschowsky, presidente do Cecierj, diz que não há previsão de cortes de bolsas de tutores, e sim de “continuidade de uma adequada utilização dos recursos”.
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