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Larissa Moraes e Lohraine Souza estudaram em colégios estaduais e em preparatório do Cederj

RIO – Larissa Moraes e Lohraine Souza não se conheciam até esta reportagem. Mas as duas têm uma história em comum. Ambas moram no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, estudaram na rede pública de ensino, fizeram o cursinho Pré-Vestibular Social do Cederj (PVS) por dois anos e tiraram 1000 na redação do Enem 2014. Agora, querem realizar um mesmo sonho: cursar uma universidade federal. Larissa optou por Direito, Lohraine, por Letras.

Atentas ao Sisu diariamente, elas vivem a expectativa de se classificar para o primeiro semestre. Até esta quarta-feira, Larissa estava na quarta colocação de 21 vagas na UFRJ cotistas de de baixa renda formados na rede pública, depois de no primeiro dia ocupar o segundo lugar. Por isso, ela trocou sua segunda opção da UFF para a UFRRJ.

– A minha nota está acima da de corte. Sempre tem aquele medo de não passar. Estou feliz, mas fico com medo da concorrência. Também aguardo o resultado da Uerj. Tirei conceito A na primeira fase, mas não fui tão bem na segunda – compara Larissa.

Já Lohraine trocou o turno da manhã pelo da noite, quando caiu da terceira para 15ª posição em 30 vagas reservadas para pretos, pardos e índios de baixa renda na habilitação Português/Espanhol, também na UFRJ.

– Estou confiante, mas, como pode haver alguma surpresa, eu achei melhor trocar o turno para a noite (que é menos concorrido). Aém de eu estar concorrendo ao Sisu, foi aprovada em Turismo pelo Cefet-RJ – comemora Lohraine.

Quando soube da nota máxima na redação, Larissa desabafou numa rede social: “VAI TER POBRE E ESTUDANTE DA REDE PÚBLICA FREQUENTANDO UNIVERSIDADES FEDERAIS, SIM!!!!!!!!!!!!!!! Dois anos de estudo, noitadas negadas, madrugada adentro estudando, estresse, olheiras e quase uma overdose de café. Nunca imaginei que tiraria 1.000 na Redação, mas tá aí… Com esforço e dedicação, chegamos lá!”.

– Fiquei tremendo e chorei muito de alegria (quando soube da notícia), pois nem esperava receber essa nota. Percebi que quanto mais árdua é a trajetória, maior é a felicidade de conseguir o objetivo. Na hora, lembrei de tudo que passei e vi que o esforço valeu a pena mesmo – conta Larissa, de 18 anos.

Ela se formou no ensino médio em 2013, no Colégio Estadual Barão de Mauá, em Xerém, cursou o PVS do CEDERJ aos sábados e, durante a semana, estudava sozinha em casa. Foi a terceira vez que fez o Enem. Larisssa também tirou conceito A no exame de qualificação da Uerj. Em setembro de 2014, sua avó quebrou o fêmur e teve que ser internada para fazer uma cirurgia.

– Fiquei no hospital como acompanhante dela durante um mês. Mas sempre levava um livro para ler. Muitas matérias que caíram no Enem não estudei na escola por conta de greves e falta de professores. As aulas de redação eram bem fracas. Meu ensino médio não foi muito bom devido à precariedade do ensino. O tutor do PVS corrigia minhas redações. Era meu único meio de saber quais eram meus erros – ela explica. – Também havia debates sobre política, ética e várias temáticas que poderiam cair.

A formatura de Lohraine no no Colégio Estadual Central do Brasil , no Méier, foi na última segunda-feira. Ela teve uma trajetória similar à da nova amiga. Para compensar a defasagem do ensino público, ela assistia a videoaulas na internet e fazia tutoria pelo telefone no PVS do Cederj.

– Não tinha muita redação na escola. Sempre assisti a videoaulas e seguia as dicas da minha professora do PVS, que super legal e corrigia minhas redações. Pelo 0800 do Cederj, eu ligava para um professor que foi selacionado pra ser professor a distância, e ele tirava as dúvidas pelo telefone mesmo. No meu pólo tínhamos um grupo no Facebook, e a gente tirava as dúvidas por ali também -diz ela.

Lohraine soube da nota 1000 em redação quando estava em Buenos Aires:

– Fiquei tremendo e chorando por muito tempo. Demorou um pouco para ficha realmente cair.