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Novos relatos de estudantes apontam ações de torturas aos calouros. 
USP aguarda CPI; alunos da Puc-Campinas também denunciaram ações.

 O ritual de entrada para os alunos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em Piracicaba (SP), conta com abusos, agressões que resultaram em fraturas e comida estragada. Desde dezembro, estudantes estão sendo chamados para depor em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo, que apura a violação dos direitos humanos em trotes de universidades paulistas. O G1 já havia noticiado relatos de jovens que denunciaram, durante a CPI, chibatadas e envenenamento.

Segundo uma aluna da Esalq, que prestou depoimento em sigilo, ela afirmou que quase foi abusada sexualmente em um dos trotes e que já ouviu muitos casos semelhantes ao dela na universidade. “Eu escapei por pouco, mas sei que eles dopam as pessoas e abusam sexualmente delas em repúblicas. Eu também já vi muita gente ser agredida e quebrar braços e pernas”, disse.

Uma outra estudante afirmou que os calouros são obrigados a comer comida estragada misturada com vômito e que não podem deixar o local enquanto não terminam. “Eles fazem uma mistura com vômito e comida podre e obrigam as pessoas a comer. Quem não come, é agredido e não pode sair do lugar”, contou.

A reportagem da EPTV procurou a diretoria da Esalq nesta quinta-feira e a instituição afirmou que não recebeu nenhum relato de trote violento nos últimos quatro anos e que vai aguardar o resultado da CPI para tomar alguma medida.

Puc-Campinas
Quatro alunos da Puc-Campinas também prestaram depoimento na CPI e afirmaram que foram agredidos e obrigados a entrar em uma piscina com fezes, urina e vômito. Os jovens contaram que os trotes aconteceram em uma chácara no distrito de Barão Geraldo.

Em nota, a universidade afirmou que as ações aconteceram fora do campus e que condena essas atitudes.

Professores coniventes
O professor Antônio Ribeiro de Almeida Júnior estuda trotes violentos desde 2001. Ele dá aulas na Esalq e afirmou que, muitas vezes, professores, funcionários e ex-alunos têm conhecimento dos trotes e ainda apoiam e cobram que os rituais sejam realizados. O docente ainda afirmou que as ações fazem parte de uma rotina perversa de poder que existe dentro da universidade.

“Muitas vezes a iniciativa do trote parte dos próprios funcionários e dos professores. Eles cobram, pedem, sabem que acontecem e nunca fazem nada. Até agora, a gente não viu ninguém ser punido por trotes violentos. Isso precisa mudar, a punição tem que ser violenta”, afirmou.

Cinco professores da Esalq foram convocados para depor na próxima quarta-feira (21) na CPI que apura os trotes.