A UnB (Universidade de Brasília) abriu inscrições para o curso de mestrado profissional em sustentabilidade junto a povos e terras tradicionais. Esta será a segunda turma. O diferencial do mestrado é que metade das vagas é destinada a comunidades tradicionais, todas com bolsa de estudo. Na primeira edição, a reserva foi apenas para estudantes indígenas. Nesta, as bolsas serão estendidas a quilombolas.
O curso tem duração de 24 meses e carga horária de 420 horas. São oferecidas 30 vagas, sendo 15 destinadas exclusivamente a candidatos auto declarados indígenas e quilombolas residentes no país. As inscrições podem ser feitas até 16 de fevereiro de 2015. O edital está disponível na internet.
“[A pós-graduação] é justamente o ambiente onde se produz conhecimento na universidade e se projeta esse conhecimento para a sociedade, um espaço de construção do pensamento. Achamos que é estratégico ocupar esse espaço e fazer com que ele represente a diversidade cultural do Brasil”, diz a coordenadora do mestrado, Mônica Nogueira. De acordo com o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 79 % dos mestres no País são brancos.
Público alvo
No lançamento do programa, Antônio Bispo dos Santos, liderança quilombola, falou sobre a iniciativa.
— Acredito que aqui vão se formar mestres, pessoas que virão com um saber, desenvolver a confluência do saber cultural com o saber acadêmico e voltar com esse saber, vamos dizer resignificado e com a solução de alguns problemas enfrentados pelas comunidades.
A indígena do povo xavante de Mato Grosso Samantha Ro’Otsitsina graduou-se mestra na primeira edição do programa.
— Sempre fui muito atuante nas questões de direitos indígenas. Com o curso, pude qualificar a minha atuação.
De acordo com o IBGE, são 818 os indígenas mestres, 0,1% do total dessa população.
O público-alvo é formado por profissionais vinculados a instituições que promovam a sustentabilidade de povos e territórios tradicionais, como associações de base comunitária, organizações não governamentais de assessoria, redes de representação e articulação política ou órgãos de governo das esferas municipal, estadual ou federal. É precioso ter graduação em áreas ligadas à questão.
A seleção ocorre ao longo do mês de março de 2015 e as aulas começam em abril. As bancas examinadoras contarão com a presença de indígenas e quilombolas.
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