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País manteve a 38% posição no Índice de Proficiência em Inglês de 2014.
Pontuação brasileira foi de 49,96; no ano passado, o índice foi de 50,07.

O nível de proficiência em inglês dos brasileiros se manteve estagnado no último ano, segundo dados do Índice de Proficiência em Inglês 2014 (EPI, na sigla em inglês), ranking internacional divulgado nesta quarta-feira (12) pela EF Education First, empresa de educação internacional. O Brasil se manteve na 38ª posição na lista, que neste ano mediu o domínio da língua inglesa em pessoas de 63 países. A pontuação do país caiu ligeiramente, de 50,07 na edição 2013 para 49,96 neste ano (faça o download do relatório completo).

Dessa vez, o país com a proficiência mais alta foi a Dinamarca, com 69,30 pontos, seguida da Holanda (68,99) e da Suécia (67,80). O país com a menor proficiência foi mais uma vez o Iraque, que neste ano alcançou 38,02 pontos.

O EPI é realizado anualmente há três anos (antes, as edições eram divulgadas a cada dois anos). Os dados desta edição foram compilados a partir de exames de inglês feitos em 2013 por 750 mil alunos maiores de 19 anos nos 63 países.

Nas últimas quatro edições (divulgadas em 2010, 2012, 2013 e 2014), o Brasil viu sua pontuação evoluir 2,69 pontos, o suficiente apenas para o país sair da categoria de nações com proficiência em inglês “muito baixa” e ser promovido para a categoria “proficiência baixa”.

Evolução: proficiência em inglês
Veja a comparação entre os índices de proficiência do Brasil, da Espanha e da China nas últimas 4 edições
evolução do EPI desde 201047,2746,8650,0749,9647,6248,7950,7750,1549,0155,8953,5157,18BrasilChinaEspanha201020122014504547,552,55557,560
Fonte: EF Education First

No mesmo período, porém, outros países tiveram resultados mais expressivos. A Argentina, por exemplo, já estava na categoria “moderada” do domínio do inglês em 2010, mas registrou um aumento de 5,54 pontos e, na edição de 2014, entrou pela primeira vez na categoria de “proficiência alta” (veja a comparação no gráfico ao lado).

Para Beata Schmid, vice-presidente sênior de assuntos acadêmicos da EF, o caso argentino não é comparável ao Brasil por causa do tamanho da população, mas citou países como Índia, com população ainda mais numerosa que a brasileira, como exemplo. “A Índia, especificamente, conseguiu subir 6 pontos”, explicou ela em entrevista ao G1.

Apesar de o inglês ser uma das línguas oficiais da Índia, ele não é tão disseminado no país. No EPI divulgado em 2010, os quatro países do Bric estavam no mesmo patamar na proficiência “baixa”: a China tinha 47,62 pontos, seguida da Índia (47,35), Brasil (47,27) e Rússia (45,79). Desde então, a Índia deslanchou e atingiu 53,54 pontos, atualmente na categoria de proficiência “moderada”. A Rússia ultrapassou Brasil e China e chegou a 50,44 pontos, um aumento de quase 5 pontos. A China tem 50,15 pontos e o Brasil ficou na lanterna do bloco, com pontuação de 49,96.

Beata Schmid, da EF Education First, veio ao Brasil para a divulgação do EPI 2014 (Foto: Divulgação/EF Education First)Beata Schmid, da EF, veio ao Brasil para divulgar o
EPI 2014 (Foto: Divulgação/EF Education First)

Formação de professores
Para Beata, não estão claros os motivos para que o Brasil ainda não tenha conseguido avançar significativamente no domínio do inglês. “Talvez as pessoas tenham se distraído, estavam preocupadas com outras coisas. Vocês tiveram a Copa do Mundo, eleições. Aparentemente decidiram não investir em treinamento de professores nesse momento”, disse a especialista na área.

relembre.

Mesmo com a Copa do Mundo no país, ela diz que, em geral, a indústria de turismo não dialoga adequadamente com a de ensino, um problema que afeta outros países, segundo Beata. Ela lembra que o país tem uma segunda chance, já que, em menos de dois anos, o Rio de Janeiro, sede da Olimpíada de 2016, voltará a colocar o Brasil no foco mundial.

A professora explica, porém, que um país com as dimensões do Brasil só poderá aumentar de nível no ensino do inglês se investir adequadamente na formação dos professores da língua, com foco especial nos que atuam na rede pública. “Não estamos falando sobre educação privada, estamos falando de educação pública, que é como você atinge mais pessoas.”

Segundo ela, países que ainda oscilam ano a ano na pontuação do EPI costumam ter problemas com a própria fluência dos professores. “Eles não têm um inglês tão maravilhoso, e é esse o inglês que precisam passar para os estudantes. Muitos não se sentem confortáveis em falar inglês na sala de aula. Mas você precisa comandar a sua aula em inglês”, explicou.

Tecnologia e imersão
Outro quesito que ajuda os países a melhorar sua proficiência na língua inglesa é o estímulo ao intercâmbio. Luciano Timm, diretor de relações institucionais e acadêmicas da EF, afirma que programas como o Ciência sem Fronteiras, do Ministério da Educação, representam uma “oportunidade única na vida para estudantes viajarem para fora do país”.

No resumo do relatório do EPI, a EF afirma que o programa do MEC fez com que o governo federal descobrisse que “muitos estudantes não se qualificavam para o programa por terem um nível baixo de proficiência em inglês”.

O curso Inglês sem Fronteiras, criado no âmbito do CSF, é citado por Luciano como uma forma de tentar solucionar esse problema. Segundo ele, a parte do curso oferecido on-line aos alunos pode ser bem sucedida, especialmente se os estudantes já tiverem algum tipo de contato prévio com o aprendizado pela web. “Quanto mais cedo você começa a aprender on-line, mais rápido você aprende, em comparação com pessoas que não tiveram essa exposição anterior”, explicou ele. Mas, segundo o diretor da EF, além do uso da tecnologia, a imersão na língua continua sendo uma das chaves para a aquisição de uma segunda língua.

Beata afirma que experiências da empresa em algumas regiões mostram que incentivos podem ser a chave para combater a alta evasão de cursos on-line de todos os tipos, inclusive os de inglês. Em um caso citado por ela, uma viagem de intercâmbio foi oferecida a professores de inglês que completassem o curso e tirassem nota acima de um nível de qualificação, e o resultado foi positivo. “Se as pessoas estudam por conta própria, há uma tendência de ela não ir tão bem. É preciso ter algum tipo de incentivo e reforço.”

Sobre o EPI
O Índice de Proficiência em Inglês (EPI) é divulgado pela EF desde 2007 e coleta dados de dezenas de países. A proficiência da população avaliada é dividida em cinco níveis: muito alta, alta, moderada, baixa e muito baixa. Em 2014, foram consideradas “muito baixas” as pontuações abaixo de 48 pontos, e 19 países ficaram nessa situação. As pontuações entre 48 e 52 encaixaram os países na categoria de proficiência baixa, e 13 nações ficaram neste nível, incluindo o Brasil. Outros 13 países registraram entre 52 e 58 pontos e foram considerados de proficiência moderada, e 11 tiveram pontuação entre 58 e 62, por isso entraram na categoria de alta proficiência. Sete países alcançaram mais de 63 pontos e estão na categoria “muito alta”.

Para entrar nos cálculos e comparação internacional, os países precisavam ter pelo menos 400 testes de inglês coletados.

A partir da próxima edição, a EF afirmou que o EPI será realizado a partir do teste padrão desenvolvido pela empresa e já parcialmente aplicado. Luciano Timm explica que o exame é semelhante aos tradicionalmente aplicados por universidades ou instituições privadas, como o Toefl e o Ielts, mas é aplicado gratuitamente pela internet. A EF já aplica o exame nas modalidades de leitura e compreensão, e atualmente desenvolve a avaliação das áreas oral e escrita.