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Alunos da Unemat, que foi inaugurada em 2012, estão em greve há dois meses e reclamam da falta de estrutura básica.

Estudantes das primeiras turmas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), criada em 2012 em Cáceres (MT), entraram no terceiro mês de greve e denunciam que, para estudar, não têm cadáver e nem livros didáticos, dois itens considerados básicos na formação médica.

Ainda de acordo com os alunos grevistas, faltam até mesmo professores em algumas disciplinas específicas. Eles também reclamam que não têm um hospital universitário de referência e que é difícil o acesso às unidades para as quais são encaminhados para aulas práticas. A greve começou dia 13 de agosto.

Nessas condições, a faculdade continua a oferecer 30 vagas por semestre e já estão em andamento cinco turmas. Porém, ainda não há formandos.

Um dos estudantes é Rafael Matos, 26 anos, que está na segunda turma. “A gente precisa de cadáver para conhecer o corpo humano, porque é manipulando as partes que vamos sabendo um pouco como funcionamos. Sem isso, o aprendizado fica comprometido”, reclamou o universitário.

Rafael não tem conhecimento de nenhuma faculdade de medicina que não ofereça aulas com cadáveres já desde o primeiro semestre. Se tiver, segundo ele, são instituições em sérios problemas, como a Unemat. “Medicina é um sonho que a gente vem galgando aos poucos, começando pelo vestibular, que não é fácil de passar. Concorri com outros 300 candidatos de todo o País”, destacou ele, que é de Cuiabá.

Além da forte disputa por vagas, outra dificuldade para cursar medicina é o preço das mensalidades nas faculdades particulares, que vão de R$ 6 mil a R$ 7 mil em Mato Grosso.

A reitoria da Unemat está se pronunciando sobre o assunto somente por meio da assessoria de imprensa. A universidade argumenta que está permanentemente em negociação com os grevistas, fazendo todos os esforços para resolver o impasse. A reitoria já protocolou no Ministério Público Estadual uma contraproposta, mas ainda não há acordo selado.

“A Unemat defende o direito de livre manifestação dos alunos, e aguarda contato por parte dos acadêmicos a respeito dos motivos para continuidade da greve”, diz trecho da última nota emitida pela instituição.

Os grevistas da Unemat já receberam o apoio público dos estudantes de Medicina de várias instituições do País, entre elas a Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), em Brasília, e a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Receberam também apoio de entidades representativas de estudantes.

As notícias sobre o movimento são postadas em um blog, criado justamente para denunciar a situação à sociedade.

A médica Eliana Siqueira, presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT), destaca que, mais tarde, na vida profissional, esses alunos serão duramente cobrados, porque vão lidar com a saúde humana. Os erros neste campo, segundo ela, podem valer vidas. “Não se forma um médico somente com a palavra, e olha que, neste caso, até mesmo professores estão faltando. É preciso ter equipamentos, bibliografia atualizada”.

A presidente do Sindimed-MT disse ainda que os profissionais da área estão assistindo à abertura indiscriminada de escolas de medicina sem a devida infraestrutrua, como é caso da Unemat. Para ela, o prejuízo é que isso não resolve a carência de bons médicos no Brasil.