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São Paulo – O Instituto de Farmacologia e Biologia Molecular (Infar) da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) inaugurou, no dia 26 de setembro, 10 laboratórios multiusuários com equipamentos de ponta à disposição da comunidade acadêmica – entre eles, dois microscópios de alta resolução até então inéditos no Brasil.

Os novos equipamentos foram adquiridos com apoio do Programa Equipamentos Multiusuários (EMU) da FAPESP. Os laboratórios têm agora microscópio confocal Leica TCS SP8 CARS – primeiro no hemisfério Sul – que, diferentemente dos microscópios tradicionais, faz imagens sem a necessidade de marcação de estruturas celulares ou teciduais com sondas fluorescentes, usadas para facilitar a visualização nos sistemas tradicionais.

“O novo sistema faz imagens com base nas vibrações das próprias ligações químicas das moléculas. Dessa forma, a amostra ou estrutura é analisada diretamente, eliminando interferências das marcações ou dos reagentes”, explicou Marcelo Andrade de Lima, professor adjunto do Departamento de Bioquímica da Unifesp. Além disso, a técnica é minimamente invasiva e não destrutiva.

O TCS SP8 CARS é utilizado por pesquisadores em experimentos com distribuição de lipídeos e colágeno em tumores e transporte de proteínas e carboidratos por vesículas celulares, entre outros.

Outro equipamento é o microscópio Leica SR GSD 3D, primeiro do tipo instalado nas Américas. De acordo com Lima, a tecnologia ultrapassa os limites de resolução da microscopia óptica tradicional, de aproximadamente 200 nanômetros (nm) lateral e 500 nm axial. “Ele obtém imagens com até 20 nm de resolução lateral e 50 nm de resolução axial, possibilitando a determinação de ultraestruturas celulares ou teciduais”, disse.

Pesquisadores já usam o microscópio em experimentos com organização do citoesqueleto de células endoteliais (que recobrem o interior dos vasos sanguíneos e formam parte da sua parede), determinação da ultraestrutura de complexos envolvidos na adesão celular – como na junção célula-célula e célula-matriz extracelular – e transporte vesicular de proteínas de vesículas ácidas e superfície celular.

Os experimentos – que, por conta da tecnologia inovadora dos microscópios, permitem imagens de células e tecidos vivos – podem ajudar na descrição de doenças importantes e no teste de novos medicamentos para tratamento de câncer, diabetes, Parkinson e Alzheimer, entre outras doenças.

“Trata-se de uma revolução na microscopia no Brasil, e a Unifesp, com o apoio da FAPESP, inaugura essa nova fase na área de imagens. Com os novos microscópios o pesquisador brasileiro que usar os laboratórios multiusuários ficará mais competitivo mundialmente”, disse Helena Nader, coordenadora do Infar.

Para o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, que participou da cerimônia de inauguração, a abertura dos laboratórios ocorre num momento de transformações da pesquisa no Estado de São Paulo.

“Estamos entrando em uma nova fase da produção científica, de maior profissionalização, uma mudança que a FAPESP vem buscando impulsionar com programas como o EMU. As universidades têm se organizado de forma mais eficiente, incrementando sua infraestrutura, e para que nossos pesquisadores sejam cada vez mais competitivos mundialmente é de extrema relevância que esse apoio institucional se fortaleça”, disse.

A reitora da Unifesp, Soraya Soubhi Smaili, também presente, qualificou a inauguração dos laboratórios multiusuários como um “divisor de águas” para a instituição. “Trata-se de um marco nos próximos caminhos que temos pela frente, uma consolidação de tudo o que foi construído até aqui e a reafirmação do nosso compromisso de seguir abrindo novos espaços para que a pesquisa em São Paulo e no Brasil se desenvolva cada vez mais”, disse.

Também participaram da cerimônia de inauguração dos laboratórios multiusuários do Infar Manoel Santana Cardoso, assessor especial da Capes; Rosana Fiorini Puccini, diretora do campus de São Paulo da Unifesp; Antonio Carlos Lopes, diretor da EPM; pró-reitores, docentes e alunos da Unifesp.

Além da FAPESP, financiaram os laboratórios a Capes e o Ministério da Educação, em um total de R$ 5 milhões em investimentos.

A utilização dos equipamentos é aberta a todo pesquisador que tenha projeto com financiamento em andamento. Estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado e pós-doutorandos deverão se cadastrar e encaminhar carta do orientador ou supervisor solicitando o uso.