fbpx
Customize Consent Preferences

We use cookies to help you navigate efficiently and perform certain functions. You will find detailed information about all cookies under each consent category below.

The cookies that are categorized as "Necessary" are stored on your browser as they are essential for enabling the basic functionalities of the site. ... 

Always Active

Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.

No cookies to display.

Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.

No cookies to display.

Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.

No cookies to display.

Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.

No cookies to display.

Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.

No cookies to display.

Nos últimos quatro anos foram abertos 62 novos cursos de medicina no País, mas 30% deles têm deficiências, como falta de hospitais universitários, laboratórios e professores

O Brasil possui dois médicos para cada mil habitantes, índice pouco abaixo da média recomendada internacionalmente e ainda distante da de países desenvolvidos. Para contar com mais profissionais, o governo criou o “Mais Médicos” e estimulou a criação de cursos. Das 242 escolas de medicina, 62 foram inauguradas nos últimos quatro anos. Nessa área, o País é o segundo colocado no ranking mundial, perdendo apenas para a Índia, com 271 faculdades nessa área. Recentemente, foi anunciado que 39 municípios devem receber novos cursos como parte do programa de expansão do atendimento médico. No entanto, irregularidades como falta de laboratórios, professores e hospitais de ensino também passaram a ser mais frequentes. Um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) revela que 30% dessas novas instituições apresentam deficiências. “Uma faculdade de medicina deveria ser criada somente se tivesse um hospital universitário, laboratórios de pesquisa e um amplo quadro de docentes”, diz Lúcio Flávio Gonzaga Silva, do CFM.

Não é o que está acontecendo. Por isso, é preciso atentar para a qualidade da formação atual dos médicos brasileiros. A oferta de vagas em faculdades particulares é a que mais cresce. Dos 62 cursos criados no governo Dilma, 36 são privados. “São escolas que têm dificuldade para implementar a proposta pedagógica, poucas estão integradas ao sistema de saúde e não contam com professores com alta titulação”, diz Mário César Scheffer, professor de medicina preventiva da Universidade de São Paulo. O resultado do exame do Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo mostrou que o índice de reprovação entre estudantes recém-formados de escolas privadas em 2013 foi de 71%. O exame não impede o exercício da medicina, mas serve de parâmetro para o nível do profissional que chega ao mercado.

No âmbito das escolas públicas, também há problemas. O curso da Universidade Estadual de Mato Grosso atravessa uma greve que já dura mais de um mês. O primeiro processo seletivo ocorreu em agosto de 2012, mas até hoje os alunos não contam com prédio próprio, itens para aulas de anatomia e biblioteca com títulos básicos. “Usamos materiais emprestados do curso de enfermagem e ficamos sem professores em algumas disciplinas”, diz o estudante Bruno Diniz. Situação ainda mais grave ocorre na cidade de Santo Antonio de Jesus, no interior da Bahia. Inaugurado em dezembro de 2013, o curso de medicina da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia possui apenas cinco professores. “Temos tido dificuldades para encontrar profissionais que queiram trabalhar fora da capital”, diz Luciana Alaíde Alves Santana, pró-reitora de graduação da faculdade. Embora novas instituições estejam abrindo portas em municípios do interior – uma das maneiras de tentar fixar os médicos onde há carência de profissionais –, uma boa infraestrutura é fundamental. “Só haverá um aumento do acesso da população aos serviços de saúde se os médicos formados nas novas escolas tiverem estrutura para trabalhar, manter a família e disponibilidade de meios diagnósticos adequados”, explica Wilson Catapani, professor da Faculdade de Medicina do ABC.

IEpag62e63Medica-1.jpg

O Estado de São Paulo concentra 41 escolas de medicina. Ainda assim, o Cremesp aponta fatores que podem comprometer a qualidade de ensino nas instituições paulistas. “A maioria das faculdades não possui hospitais universitários e acaba oferecendo um treinamento inadequado”, diz Bráulio Luna Filho, presidente do Conselho. O curso de medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, inaugurado em fevereiro, é um deles, embora esteja inserido na rede de atenção básica de saúde da cidade, onde os alunos realizam as atividades práticas. “Não precisamos de um hospital de ensino. Quem deve gerenciar esses espaços são os gestores públicos”, afirma José Lúcio Machado, gestor do curso. Hoje, a instituição possui 120 estudantes que pagam R$ 5,3 mil de mensalidade.

A última avaliação dos cursos de medicina do Brasil, realizada pelo Ministério da Educação, foi divulgada em 2010 e já indicava luz amarela: nenhuma instituição obteve a nota máxima. O resultado do exame de 2014, referente ao último triênio, será divulgado no final do ano. “É importante formar mais médicos, mas só conseguiremos avaliar o impacto dessa expansão de cursos e da qualidade dos novos profissionais no futuro”, diz Scheffer, da USP.