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Enquanto a taxa de assassinatos de jovens (15 a 24 anos) no Brasil cresceu 2,7% em 10 anos, no Ceará o índice triplicou. A evasão escolar é um dos motivos.

Abandono escolar e criminalidade andam juntos. No Ceará, por exemplo, o índice de homicídios entre jovens cresceu 218,5% de 2002 a 2012, segundo dados do Mapa da Violência 2014. A maioria das vítimas da criminalidade no Estado está fora da escola e possui baixa renda. Esta situação ainda é mais agravante quando são apresentados os dados por cor/raça: o número de homicídios de negros no Estado é cerca de 10 vezes maior que o de brancos, se considerarmos o ano de 2012. Esta realidade é tema da 4ª matéria da série “Educasão no Çeará: Problema além de uma cedilha”, que o Tribuna do Ceará publica desde quarta-feira (10) até este domingo (14).

Enquanto a taxa de assassinatos de jovens (15 a 24 anos) no Brasil cresceu 2,7% em 10 anos, no Ceará o índice triplicou. Em 2002, a taxa de homicídios na população jovem no Ceará era de 34,2 a cada 100 mil habitantes e passou para 94,6 em 2012, conforme dados consolidados pelo Mapa da Violência.

De acordo com a pesquisadora e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC) Celecina Veras, o adolescente que está fora da escola está mais vulnerável ao mundo do crime. “Eu acredito que a violência entre os jovens de Fortaleza ou no Ceará como um todo tem uma relação direta com a evasão escolar. Estes jovens estão sem perspectivas de futuro com a escola de hoje e acabam escolhendo o mundo do crime, principalmente em uma cidade desigual como Fortaleza, por exemplo”, comenta.

 

”A escola não está levando a muitos lugares”

 

De acordo com dados do último Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgado em 2013, o Ceará tem cerca de 80 mil adolescentes de 15 a 17 anos fora da escola, cuja faixa etária corresponde ao Ensino Médio. A falta de atrativos é uma explicação. “A escola não está levando a muitos lugares. Uma menina da periferia de Fortaleza escolhe ficar fora da escola e se prostituir porque consegue dinheiro de forma imediata. Terminar o ensino médio não tem mais atrativos. Este jovem ganha muito mais dinheiro vendendo droga do que estudando”, lamenta a pesquisadora.

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A escola pode ajudar na formação dos adolescentes e diminuir o avanço da violência. “A escola tem o papel de formação do jovem, mas não pode fazer tudo sozinha. É difícil o jovem ir à uma escola em Fortaleza situada em um bairro violento, por exemplo. É preciso mudar a abordagem da educação, tem que ter mais formação humana e não somente conteúdo de português e matemática, por exemplo”, salienta Celecina Veras.

 

No Ceará, há um problema ainda que envolve raça/cor. Fora da escola, o jovem negro é mais vulnerável à criminalidade. “Somos frutos de uma sociedade que vem da escravidão. O jovem negro além de estar em trabalho menos qualificado, ele sofre com a herança cruel da falta de acesso á escola. Há desigualdade social põe o negro na rua e o branco na escola”, afirma a professora da UFC.

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