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São Paulo – Uma nova proposta para pôr fim à greve dos trabalhadores da Universidade de São Paulo (USP), que já dura 100 dias, foi apresentada hoje (4) pelo desembargador Davi Furtado Meirelles, durante a terceira audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A USP propôs, há dois dias, reajuste de 5,2%, que correpende a inflação medida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a ser pago em duas parcelas, uma em outubro e outra em janeiro. A Justiça manteve essa proposta e sugeriu abono de 20,60% para compensar o pagamento que não será feito na data-base dos servidores, que é em maio.

O acordo proposto pelo TRT será apresentado e discutido em assembleia dos trabalhadores. “[Sair do zero] é um avanço decorrente da força do nosso movimento. Eles foram obrigados a sair do reajuste zero. Mas nós consideramos a proposta [de 5,2%] insuficiente, inclusive porque ignora nossa data-base”, avaliou Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). A representação da USP também se comprometeu a avaliar essas propostas em reunião do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), no próximo dia 9. Nova audiência foi marcada para o dia 10, às 16h.

O movimento começou no dia 27 de maio, quando não havia indicativo de reajustes, nem reposição da inflação. A greve reúne também os professores. A justificativa do Creusp para não conceder reposição salarial era de que as universidades enfrentam “níveis de comprometimento do orçamento com a folha de pagamento que ultrapassa 90%, nível acima do recomendado para uma gestão responsável”. A proposta inicial dos trabalhadores era reajuste de 9,78% retroativo a maio. “Mas a assembleia aprovou a revisão para 7,34%, sugerida pelo Ministério Público como forma de conciliação”, explicou Carvalho.

Os termos de conciliação apontam que a USP deverá pagar os valores dos vales-refeição e transporte durante o período de greve, que foram suspensos com a justificativa de que seriam benefícios com caráter indenizatório. O desembargador também fez referência à liminar que determina o pagamento dos salários de julho e agosto, suspensos pela universidade em razão da greve. Ele manteve a data-base da categoria em maio e propôs o abono salarial. “Gostaríamos que fosse em forma de salário, mas estão oferecendo um abono, que é uma compensação, e vamos discutir isso”, disse o diretor do Sintusp.

O desembargador Davi Meirelles, no final da audiência, fez um apelo para as partes entrarem em acordo. “Entendemos que os problemas da USP não são dessa gestão, mas a universidade deve pensar nos seus servidores”, declarou. Ele destacou que houve avanço da proposta de ter saído do zero e que, por outro lado, os trabalhadores estão abrindo mão de uma expectativa de reajuste em maio. “Ninguém faz greve porque quer, mas porque precisa. Chega o momento em que é preciso resolver o problema. Vamos valorizar a educação do nosso país. É preciso vontade política”, disse.