Caso aconteceu em 2011 e só há um mês testemunha chave foi ouvida.
Caloura foi atacada durante festa na sede da Atlética da Medicina.
A delegada Celi Carlota, da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher de São Paulo, disse ao G1nesta quinta-feira (21) que vai indiciar um homem suspeito de crime de estupro contra uma estudante do curso de medicina da Universidade de São Paulo durante uma festa promovida pela associação atlética dos alunos em sua sede, no bairro de Pinheiros, Zona Oeste da Capital paulista, em abril de 2011.
Segundo a delegada a investigação demorou três anos por causa de dificuldades em se localizar testemunhas e o indiciamento será possível depois que um estudante que presenciou o crime prestou depoimento há pouco mais de um mês.
De acordo com a delegada, o suspeito é um homem que trabalhava com manutenção de ar condicionado no prédio da faculdade e teria cometido o crime de estupro sobre a jovem, que era aluna do primeiro ano, no bosque que fica dentro do terreno da instituição. Ele foi ouvido durante o inquérito e negou o crime.
A delegada informou que o inquérito está na Justiça e voltará em breve para a delegacia para que ela possa fazer o indiciamento.
“A investigação demorou por conta desta testemunha, um estudante da faculdade, que levamos um tempo para localizar e só prestou depoimento no mês passado”, disse Celi. Ainda segundo a delegada, o inquérito tem elementos que podem formar a denúncia e uma possível condenação do suspeito. Ela disse que não deverá pedir a prisão preventiva do homem “por ele não ter contato ou ser uma ameaça à vítima”.
O indiciamento significa que a polícia descarta nas investigações a hipótese de envolvimento de outras pessoas no crime e que tinha fortes indícios, provas periciais e testemunhas, de que o suspeito praticou o delito.
Após a conclusão do inquérito policial, que é a fase de investigação e de tomada de provas, o promotor do Ministério Público (MP) recebe o relatório da investigação policial e decide oferecer ou não a denúncia à Justiça. Cabe ao juiz, escolhido pela Justiça de São Paulo, aceitar ou não a denúncia oferecida pelo MP. Se aceitar, a denúncia se transforma em processo e o indiciado vira réu.
Festa de estudantes
O caso aconteceu em uma festa de estudantes da Faculdade de Medicina da USP chamada Carecas do Bosque na noite do dia 2 de abril de 2011. No evento houve muito consumo de bebidas alcoólicas e a presença de garotas de programa contratadas, segundo a delegada. Segundo a delegada, a jovem a procurou três dias depois do ocorrido e que chegar às testemunhas foi “muito custoso e demorado”.
O G1 procurou Nereide de Oliveira, advogada da vítima, mas ainda não conseguiu contato. À revista Época, Nereide disse que “na época, a Atlética, a entidade estudantil que promoveu a festa, e todas as pessoas que ela procurou não a encorajaram a fazer a denúncia“.
Em nota, a Faculdade de Medicina da USP diz que “nenhuma comunicação foi feita pela vítima à Diretoria ou à Comissão de Graduação da Faculdade na época. A referida aluna procurou o Grapal (centro que fornece atendimento psicológico e psiquiátrico aos estudantes sempre que eles necessitam) que, por questões éticas, não pode relatar os casos tratados às instâncias superiores da Instituição.” A faculdade afirmou que vai dar apoio jurídico e psicossocial à estudante.
A FMUSP disse ainda que criou uma comissão para tratar de questões de violência, preconceito, consumo de álcool e drogas, reunindo alunos, professores e funcionários, e que “tem se empenhado em aprimorar seus mecanismos de prevenção de casos de intolerância e violência, apuração de denúncias e acolhimento de vítimas”.
Também está em implantação um Centro de Acolhimento, onde os alunos poderão registrar suas denúncias e receber o apoio da Instituição. “No caso de denúncias envolvendo membros da Instituição ou de casos ocorridos em suas dependências, há Sindicância para apuração e, em caso de comprovação, a Faculdade adota as punições disciplinares de acordo com o Código de Ética da USP. Além disso, com o novo Centro, a Faculdade oferecerá apoio jurídico à vítima para encaminhamento do caso à polícia e à Justiça.”
O G1 entrou em contato com a diretoria da Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz e aguarda retorno.
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