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Investir na área de pesquisa, contratar mais docentes, incentivar novas formas de ensinar e aproximar o aluno do professor faz parte da filosofia da Pontifícia Universidad Católica do Chile, uma universidade particular eleita a melhor da América Latina, segundo o QS Quacquarelli Symonds University Rankings divulgado no mês de maio. O topo do ranking desde a sua criação, em 2011, era da Universidade de São Paulo (USP) que passou a ocupar o segundo lugar neste ano.

Em outro ranking, de uma instituição da Arábia Saudita divulgado nesta quarta-feira (30), a USP aparece como a universidade da América Latina mais bem avaliada de uma lista de 1.000 instituições.

Em entrevista ao G1 durante o III Encontro Internacional de Reitores realizado no Rio de Janeiro entre segunda (28) e terça-feira (29), o reitor da PUC do Chile, o médico Ignacio Sánchez, diz que o resultado é atribuído a uma política de contratar um maior número de professores e pesquisadores e investir em pesquisa. Hoje a instituição tem 3 mil professores, sendo 15% estrangeiros (dez brasileiros).

“A universidade tem tradição na qualidade de pesquisa. Agora nosso desafio é partir para uma pesquisa mais interdisciplinar em que, por exemplo, médico, engenheiro, desenhista, biólogo e químico estejam pesquisando juntos”, afirma. Segundo o reitor, a universidade vai abrir um concurso para contratar 20 professores que tenham, no mínimo, duas formações. “Queremos misturar filosofia e história ou engenharia e medicina.”

Queremos que o estudante tenha acesso direto ao professor. É uma filosofia da universidade que os estudante desenvolva valores como pessoa, muito disso não aparece nesses rankings”
Ignacio Sánchez, reitor
da PUC do Chile

Sánchez afirma que a instituição valoriza o QS e outros rankings, mas o primordial para a universidade é seguir o caminho defendendo a missão de cada das 18 escolas. “Em primeiro lugar queremos que o estudante tenha acesso direto ao professor. É uma filosofia da universidade que os estudante desenvolva valores como pessoa, muito disso não aparece nesses rankings”, diz.

A melhor da América Latina, no entanto, também tem suas lacunas. Uma delas, segundo o reitor, é aumentar na universidade o número de alunos da rede pública de ensino que precisam ser subsidiados com bolsas de estudo. O custo anual da universidade é de US$ 8 mil por ano (o equivalente a R$ 18 mil). No último ano, dos 4.000 estudantes que ingressaram na universidade, 700 eram estudantes do ensino público.  “Há 5 anos eram 80 ou 90 estudantes, o número sobe a cada ano, mas queremos que sejam mais de mil. O desafio é buscar mais recursos para chegar ao estudante muito bom, muito inteligente, mas que não tem capacidade econômica para pagar a universidade.”

Há quatro anos, a PUC do Chile implantou um sistema de apoio acadêmico para os estudantes oriundos de escolas públicas que precisam resolver deficiências em várias disciplinas ocasionadas por conta de um ensino médio deficitário. “Com esse apoio, o desempenho dos alunos de escolas públicas chega a ultrapassar os do ensino privado nos cursos.”

‘Não é uma competição’
O reitor da USP, Marco Antonio Zago, diz que vários motivos podem explicar a perda de liderança da USP para o PUC do Chile no ranking, entre eles, a diferença de tamanho e a abrangência de ambas.

“Estamos falando de uma universidade altamente abrangente e gratuita num país que tem um ensino secundário deficitário e outra universidade muito mais restrita que tem um ensino secundário de muito mais qualidade. Além do mais é preciso considerar que por ser uma universidade paga, ela seleciona um extrato diferente da população”, afirma.

No entanto, para Zago é preciso zelo ao olhar para esses rankings. “Nós temos sim de olhar para esses rankings, eles nos ajudam a entender as coisas, e até a promover modificações na própria universidade. Mas não podemos ser escravos, como se fosse uma competição, um jogo.”

Como é feito o ranking
O QS Quacquarelli Symonds University Rankings é uma organização internacional de pesquisa educacional que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. No total, 395 instituições do continente foram avaliadas na quarta edição do ranking realizada neste ano, e 300 foram classificadas. Foram levados em conta sete critérios: o de maior peso foi a reputação acadêmica de cada universidade, com 30% da pontuação, seguido pela reputação dos graduados no mercado de trabalho. Juntos, esses dois critérios somam 50% da nota.

O número de alunos por professor na sala de aula, a quantidade de publicação por professores, o número de citações por publicação, a proporção de professores com doutorado e a presença digital da instituição constituíram a outra metade da pontuação.