Alunos que não conseguiram nota alta o suficiente no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para obter bolsas de estudo ou financiamento nos programas ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) estão encontrando descontos de até 80% em sites que reúnem vagas remanescentes de universidades particulares.
Max Douglas, de 17 anos, concluiu o terceiro colegial no ano passado e imediatamente ingressou no curso de gestão de turismo da Faculdade Carlos Drummond de Andrade pagando mensalidade com desconto de 65%. A oportunidade foi encontrada na plataforma Quero Bolsa.
— Terminei o ensino médio e fiz o Enem no ano passado. Como tive média baixa, não consegui uma bolsa no ProUni. Um amigo me falou sobre o Quero Bolsa e me ensinou a preencher os campos do site. Foi assim que consegui o desconto inicial de 60%.
O aluno conta que participou do processo seletivo levando um cupom que imprimiu após pagar uma taxa de R$ 76. Ao fazer o vestibular, ele conseguiu mais 5% de desconto. O curso, que originalmente tem mensalidade de R$ 739, sai por R$ 290 para Max.
— Sem o desconto não conseguiria pagar a faculdade porque trabalho como entregador em um restaurante do Itaim Paulista e ganho R$ 400 por mês. Mesmo com a bolsa preciso da ajuda do meu pai para arcar com a mensalidade.
No Quero Bolsa, que anuncia descontos de até 80%, é preciso pagar uma taxa que varia de acordo com o desconto concedido pela faculdade selecionada pelo aluno. As regras e ofertas variam de acordo com cada instituição de ensino e devem ser consultadas na hora que o estudante faz a pesquisa e seleciona a vaga que lhe interessa.
Sites devem se consolidar e evoluir
Para Rodrigo Capelato, diretor executivo da Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), essas plataformas estão ficando cada vez mais conhecidas, mas o mercado ainda vai se consolidar e evoluir.
Ele explica que apesar de serem confiáveis — o diretor disse que nunca recebeu nenhuma reclamação ou denuncia sobre sites que oferecem o serviço—, as empresas precisam disponibilizar informações e dados relevantes que vão além dos descontos.
— Acho que seria interessante apresentar avaliações do MEC (Ministério da Educação) e indicadores de qualidade dos cursos e das instituições que estão anunciando as bolsas,. Os alunos precisam saber exatamente a qualidade dos cursos que estão sendo ofertado para eles.
Dados da Semesp apontam que quase um terço do total de alunos matriculados em instituições de ensino superior privadas (29,8%) utilizam bolsas de estudo.
Na distribuição dos benefícios, 58,89% das bolsas são distribuídas pelas próprias instituições de ensino, 29,5% pelo ProUni, 4,21% por outros programas, 3,19% por entidades externas, 2,4% por programas municipais e 1,74% por programas estaduais.
Meio do ano tem oportunidades para bolsistas
Rosangela Favato, 28 anos, que está no terceiro semestre do curso de Ciências Contábeis na Faculdade Campos Elíseos, explica que conseguiu uma bolsa de 80% usando a mesma plataforam que Max. No seu caso, porém, o valor do desconto diminui semestralmente seguindo as regras firmadas em contrato com a faculdade.
Ela diz que procurou o Quero Bolsa porque não podia arcar com as mensalidades nem tinha tempo para se preparar para o Enem.
Rosangela fez uma pesquisa antes de optar pelo site. Ela comentou que percebeu que as faculdades oferecem um grande número de bolsas no vestibular de inverno.
— Na metade do ano sobram vagas. É a melhor época para encontrar descontos porque as pessoas não têm muito pique de começar a estudar.
Além da Quero Bolsa, os estudantes também podem recorrer a outras plataformas como o Mais Estudo, que anuncia vagas com desconto de até 70%.
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