Estudantes de economia e de administração do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) se reuniram para elaborar um projeto que leva conceitos de educação financeira a classes de EJA (Educação de Jovens e Adultos). Há um ano e meio, os participantes dão aula em escolas apoiadoras e em comunidades.
Com turmas de alunos entre 16 e 70 anos, predominantemente das classes C e D, o “Bem Gasto” pretende ensinar aos participantes conceitos sobre orçamento familiar, juros, dívidas e métodos de negociação por meio da simulação de problemas cotidianos.
“Eles não tinham noção, por exemplo, de que podiam pedir um desconto quando vão pagar à vista”, acredita Rafael Milanesi, presidente da iniciativa.
A iniciativa conta com o apoio de 25 pessoas atualmente. Lecionam os membros que estão há mais tempo e que dominam melhor o material, que é adaptado dependendo da necessidade do local onde as aulas serão ministradas.
Uma das instituições apoiadoras é o Colégio Visconde de Porto Seguro, que desde 1966 possui a “Escola da Comunidade”. A iniciativa disponibiliza cerca de 1.700 bolsas destinadas à educação básica e EJA para alunos de baixa de renda moradores de regiões próximas, como Paraisópolis e Vila Andrade.
Bem Gasto
As aulas do “Bem Gasto” possuem dois momentos. Depois da teoria, os alunos são divididos em grupos de cinco e o monitor inicia uma dinâmica. “Pegamos fatos reais, do cotidiano. Procuramos trazer problemas da vida deles”, diz Rafael.
O tema de maior dificuldade de compreensão é juros. O estudante conta que em alguns colégios conseguem trabalhar bem o assunto, mas que em outros se restringem a passar conceitos básicos.
Atualmente, os universitários dão aulas aos sábados nas turmas do “Projeto Arrastão”, organização da região do Campo Limpo; terças e sextas no Colégio Lourenço Castanho, e às sextas no Porto Seguro (em julho).
Ao todo, são feitas geralmente seis aulas por local. “Depende muito da turma. No Lourenço, foram seis; no Arrastão fizemos três aulas de duas horas e meia, e no Porto faremos um pouco diferente, em quatro aulas”, explica.
Rafael, presidente do projeto, acredita que a educação financeira no Brasil ainda é muito deficitária e que iniciativas como a deles levam à população o conhecimento de questões presentes no cotidiano, como juros implícito.
Com todo esse apoio, é inevitável o vínculo criado entre os universitários e os alunos. “Esse projeto mudou a minha vida. Acho que saí do meu mundinho protegido, onde tudo é perfeito, e consegui enxergar outra realidade”, confessa. “É muito gratificante sair de uma aula e vê-los perguntando, cheios de dúvidas.”
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