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O analfabetismo entre crianças indígenas com idade entre 10 e 14 anos é de 18%, enquanto no total da população brasileira a taxa é de cerca de 4%. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, o mesmo índice é de 2% no total da população, mas de 12% entre os indígenas.

As afirmações foram feitas por Gary Stahl, representante da Unicef  (Fundo das Nações Unidas para a Infância no Brasil), durante a audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado na última terça-feira (3).

O encontro deu espaço para que fossem escutados depoimentos de jovens indígenas a respeito das dificuldades que enfrentam nas regiões onde vivem e sugestões para resolvê-las.

— É preciso identificar as questões mais profundas relacionadas às realidades complexas e violentas nas quais estão inseridos os jovens indígenas. As próprias organizações indígenas identificam que frequentemente eles não se encontram em sua própria cultura e nem na cultura das cidades. São excluídos por serem indígenas, por serem pobres e por serem jovens, disse Stahl.

Cenário

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há no Brasil quase 900 mil índios, o que representa 0,47% da população, distribuídos em mais de 300 grupos étnicos.

De acordo com os jovens indígenas, em muitas aldeias faltam escolas que ofertem o ciclo educacional completo. 

O cenário faz com que os indígenas sejam obrigados a deixar suas comunidades para prosseguir os estudos, ficando expostos a problemas típicos das cidades, como violência, drogas, álcool e desemprego.

A discriminação e a exclusão do processo político e decisório foram outros problemas apontados: os jovens relataram terem sido vítimas de preconceito e reclamaram que não são escutados com relação às políticas públicas voltadas para a juventude indígena. Eles também fizeram denúncias de exploração sexual e profissional.

Sugestões

Entre as sugestões apresentadas, os jovens pediram mais médicos e mais agentes de saúde em suas regiões, além de mais condições para que esses profissionais possam se deslocar até as aldeias.

Sugeriram também a criação de repúblicas estudantis exclusivas para jovens indígenas a fim de acolher os adolescentes que migram para as cidades para concluir seus estudos. Por fim, foi solicitado o estabelecimento de políticas públicas voltadas ao combate da violência e o alcoolismo nas aldeias.