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A greve dos professores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) completou nove dias nesta quarta-feira (4) com adesão de 65% da categoria, segundo a associação que representa os docentes. Eles decidiram parar as atividades para contestar a decisão do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), que oferece reajuste zero nos salários. De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, a paralisação de professores e funcionários atinge 15% da instituição – não há balanço específico sobre adesão dos docentes.

Segundo a Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), participam do movimentos os professores de todas as áreas, principalmente os que atuam em unidades ligadas às ciências humanas na universidade. Além disso, o movimento inclui profissionais que trabalham nos dois colégios técnicos da instituição – o Cotuca, em Campinas, e o Cotil, em Limeira. A universidade possui atualmente 18,3 mil alunos na graduação e 16,1 mil na pós-graduação, em 68 cursos. Nos campi da Unicamp trabalham 2 mil professores e 7,8 mil técnicos administrativos.

De acordo com o Cruesp, o reajuste zero nos salários ocorreu por causa do alto nível de comprometimento de orçamento com folha de pagamento: 104,2% na USP, 96,5% na Unicamp e 94,4% na Unesp. Em 21 de maio, os reitores da USP, Unesp e Unicamppropuseram discutir o reajuste salarial das categorias em greve somente  somente entre setembro e outubro. O órgão máximo de deliberação da Unicamp, entretanto, é favorável à reabertura das negociações.

Reflexos no HC
O HC da Unicamp suspendeu nesta quarta-feira todas as cirurgias eletivas – procedimentos considerados importantes, mas que não são considerados de urgência ou emergência. Embora funcionários da unidade tenham participado de reuniões sobre a greve no período da manhã, os adiamentos ocorreram, segundo a universidade e o próprio sindicato, porque houve necessidade de repetir o processo de esterilização em parte dos instrumentos cirúrgicos usados no hospital.

“Os instrumentais estão esterilizados por equipamentos de autoclave, porém, alguns estão com pequenas manchas residuais não identificadas. Uma equipe de especialistas está investigando as possíveis causas. As medidas foram tomadas exclusivamente visando a segurança dos pacientes cirúrgicos”, informa o texto da Unicamp.

Segundo a universidade, o Hospital Estadual de Sumaré, o Centro Infantil Boldrini, o Hospital Madre Theodora, o Hospital Celso Pierro e o Sobrapar estão colaborando na esterilização dos materiais. O número de cirurgias reagendadas não foi informado até a publicação, contudo, a assessoria da Unicamp informou que a unidade faz média de 70 cirurgias por dia nos centros cirúrgicos geral, ambulatorial e de emergência.

A greve de funcionários da universidade provoca, desde segunda-feira, atrasos no agendamento de consultas e exames pelo HC, de acordo com o STU. De acordo com a entidade, ao menos 15% dos trabalhadores desta unidade e do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) aderiram ao movimento. A assessoria de imprensa do Hospital de Clínicas reiterou que, por enquanto, não houve reflexos na realização de consultas, exames ou cirurgias pela unidade. Contudo, admitiu que há atraso médio de 30 minutos durante o dia na etapa de agendamentos, por causa da greve. Não havia informações de reflexos no Caism até esta publicação.

Sem ‘bandejão’
As atividades dos quatro restaurantes universitários, incluindo o que está próximo ao Hospital de Clínicas, estão suspensas desde a tarde de terça-feira. Juntos, eles servem média de 12 mil refeições por dia, sendo que o Restaurante Universitário, conhecido como “bandejão”, oferece um prato a R$ 2 para os estudantes. Em nota, a assessoria de imprensa da Unicamp informou que está tomando as medidas cabíveis para normalizar os serviços de alimentação.

Aumento e melhorias
O coordenador do STU, João Raimundo Mendonça Souza, disse que a adesão de funcionários técnicos administrativos é de 70%. A paralisação começou há 13 dias e as reivindicações desta categoria e dos professores estão incluídas na pauta do Fórum das Seis, que congrega a Adunicamp e o STU. Entre os pedidos constam reajuste de 10% nos salários, equiparação de piso salarial de servidores técnicos administrativos ao de profissionais que atuam na USP, mais vagas em creches e transporte gratuito para quem usa os campi.