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Outubro, novembro e dezembro são meses clássicos de vestibular, mas isso não significa que os estudantes precisam esperar até o fim do ano para tentar o ingresso no ensino superior. Apenas no Estado de São Paulo, já estão abertas pelo menos 24,7 mil vagas presenciais nos processos seletivos de inverno, como os da Universidade Estadual Paulista (Unesp), das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e de oito importantes instituições particulares.

Weverton Bezerra, de 18 anos, é um dos que pretendem começar a faculdade em agosto. Apesar de jovem, ele já tem experiência no assunto. Tentou o vestibular de inverno como treineiro, em 2012, ainda no 2.º ano do ensino médio, e também no ano passado, já para valer. “Além de conhecimento, vestibular é maturidade. Agora será melhor porque já sei como funciona”, diz Bezerra, candidato ao curso de Engenharia Mecânica na Unesp, única das estaduais paulistas que tem processo seletivo para o segundo semestre.

Na opinião de Bezerra, que já fez a prova da Unesp no meio e no fim do ano, não há diferença no nível de dificuldade entre as duas edições. O que muda é o clima para fazer o exame. Por um lado, os ânimos estão menos acirrados do que nos exames de verão, quando há mais inscritos. Por outro, os estudantes têm mais pressa de chegar à sala de aula. “Se passar, eu me matriculo. Não vou fazer mais seis meses de cursinho”, afirma. “É claro que muitos têm a universidade dos sonhos, mas a pessoa deve levar em conta suas condições de passar.”

Instituições mais prestigiadas, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), são a prioridade da maioria, porém não de todos. Interessado em cursar Administração, Renato Chikitani, de 17 anos, conta que sua meta é a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que abre 250 vagas para o segundo semestre. E, para o adolescente, o exame da FGV é até mais difícil do que a Fuvest, prova para entrar na USP. “Não passei nem na primeira fase. As questões de Inglês e de Matemática, que pende para o lado financeiro, são mais complicadas”, conta Chikitani, que também se inscreveu para o Insper.

Cautela. A orientadora educacional do Cursinho da Poli Alessandra Venturi também não concorda que as provas de inverno sejam tarefa simples. “É um vestibular como qualquer outro. A quantidade de candidatos é menor, mas também diminui o número de vagas e cursos”, aponta. Um conselho para quem tenta a prova agora, diz Alessandra, é buscar por conta própria conteúdos que ainda não foram vistos na escola, para aqueles que ainda estão no ensino médio, ou no curso preparatório, para os que se dedicam a uma revisão.

O que acontece, segundo a coordenadora do Curso e do Colégio Objetivo, Vera Antunes, é que na maioria das vezes os processos seletivos de inverno oferecem vagas em carreiras menos concorridas. “Outro problema é que tentam a prova de meio de ano alunos que não conseguiram bom rendimento no vestibular anterior, e eles acabam indo para cursos que nem queriam fazer”, relata. “Só entrar na faculdade não leva ao sucesso profissional.”

De acordo com o coordenador de Processos Seletivos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Milton Pignatari Filho, os concorrentes do vestibular de inverno costumam ser aqueles que já saíram da escola. As graduações ofertadas na instituição no meio do ano são as mais buscadas. “Só não abrimos vagas para cursos com menos procura. Neste ano, por exemplo, saíram Matemática e Filosofia.” Pignatari Filho afirma, por outro lado, que as médias de notas são mais baixas. “O aluno que fez boa prova no fim do ano consegue entrar agora”, garante.

Teste. Números de candidatos por vaga dão pistas sobre a concorrência, mas podem enganar. Emerson Conceição Júnior, de 20 anos, tentará o próximo vestibular, mas como treineiro, figura ainda mais fácil nas provas desta época. Sob pressão bem menor, o rapaz pretende se inscrever em Engenharia na Unesp com o objetivo de calibrar suas habilidades para a Fuvest, em que tenta Geofísica. “Mesmo aprovado, não vou me matricular no curso”, garante ele, que usou a mesma estratégia no ano passado. “Quem presta no meio do ano consegue identificar as deficiências”, aconselha.

Alessandra Venturi, do Cursinho da Poli, explica que ser treineiro não é a melhor opção em todos os casos. “Geralmente, o perfil da prova não muda de acordo com a época, mas com a instituição”, esclarece. “É preciso ver se esse vestibular de meio de ano é realmente próximo da prova da universidade em que o candidato quer entrar.”