Episódio ocorreu durante evento no campus da UFSCar de São Carlos (SP).
Frente Feminista avalia que houve coerção e vai cobrar explicação de Atlética.
O trote aplicado no campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em que calouras se beijaram e simularam cenas de sexo em um ginásio lotado, na quarta-feira (12), é visto como opressor pelo Diretório Central de Estudantes (DCE), que divulgou uma nota de repúdio nesta segunda-feira (17). A Frente Feminista também declarou ser contra ao que chamou de coerção e vai se reunir com Atlética que organizou a gincana. A direção da universidade afirmou que vai apurar a situaçãopara tomar as providências cabíveis.
Vídeos que circulam na internet registraram as alunas durante uma prova da chamada Calourada, quando elas começaram a tirar as roupas e se beijar. O episódio gerou polêmica entre os estudantes. O DCE ressaltou que não é responsável pela organização da gincana e que repudia qualquer espaço que coloque mulheres em situação de opressão, violência e que banalize a orientação sexual de qualquer pessoa.
“O nosso repúdio não se dirige às mulheres que, coagidas ou não, participaram da ‘brincadeira’, e sim as relações de opressão entre veteranos e calouros, à violência da coação e à organização do evento, que não conseguiu conduzir o mesmo de maneira que ninguém tivesse que se expor dessa maneira para agradar o público presente”, diz um trecho da nota.
A Frente Feminista pretende se reunir ainda esta semana com a Associação Atlética Academica, organizadora da gincana, para discutir maneiras de realizar um trote integração que não tenha efeito de opressão, disse Monique Amaral, uma das representantes do movimento.
“A questão não se trata das pessoas do se beijarem do sexo oposto ou não, nós somos completamente a favor da liberdade de expressão. Mas ali onde há hierarquia entre veteranos e calouros não tem como afirmar que foi livre e espontânea vontade. Então somos contra essa coerção.
Calourada
O episódio ocorreu durante a Calourada, evento tradicional de recepção dos alunos, que ocorre dentro da universidade e que faz parte do calendário oficial da instituição. A tarefa passada para as estudantes era seduzir, com cantadas e xavecos. Depois dessa etapa, elas começam a tirar algumas peças de roupa e no chão do ginásio da UFSCar simulam atos sexuais enquanto os outros alunos gritam e invadem a quadra.
No vídeo, que circula nas redes sociais, é possível ver que as meninas se empolgam na encenação e, a cada gesto mais ousado, quem está assistindo grita ainda mais. Nas imagens é possível ver que outras pessoas gravam o trote.
Polêmica
Para os alunos, a atitude não deveria ter sido forçada. “Se elas queriam se beijar e ninguém forçou, nenhum veterano foi lá e obrigou acho que é tranquilo”, disse a estudante de engenharia de materiais Anessa de Lima. “Acho que desde que parta da pessoa e ela não seja forçada a fazer nada, não tem problema nenhum, cada um sabe o que faz”, afirmou o estudante de biologia Pedro Rizatto.
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