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A Universidade Estadua de Campinas (Unicamp) registrou aumento de 20,5% no número de alunos matriculados em 2014 que estudaram integralmente em rede pública durante o ensino médio. Até a terceira chamada do vestibular, das 3.460 vagas preenchidas, 1.227 foram ocupadas por candidatos com este perfil, o que representa 37% do total. No ano passado, 30,7% dos egressos eram de escolas públicas. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (14), mas o resultado final não foi fechado porque 5% das vagas ainda estão abertas.

Segundo análise da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), o crescimento reflete o aumento do bônus concedido pelo Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social da Unicamp (PAAIS), uma vez que a universidade dobrou o bônus oferecido aos alunos provenientes de escolas públicas. O programa bonifica os estudantes que tenham cursado o ensino médio integralmente em escolas públicas brasileiras com 60 pontos (antes eram 30) a mais na nota final do vestibular. Já os candidatos que fizeram a autodeclaração étnico racial como negro, indígena ou pardo ganham, além dos 60 pontos, uma bonificação de 20 pontos.

O processo seletivo inclui 69 cursos da Unicamp, além de outros dois da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. O vestibular deste ano teve número recorde de inscritos: 73,8 mil. A Unicamp prevê até nove chamadas de estudantes aprovados, que serão finalizadas até o fim de março.

Meta de 50%
De acordo com o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, o objetivo é matricular 50% de alunos oriundos da rede pública até o vestibular 2017, sem tirar a competitividade da seleção. “O crescimento da inclusão em relação ao ano passado é bastante significativo. Temos um tempo para aperfeiçoar o sistema e procurar melhores resultados”, frisou o engenheiro de alimentos. Outro ponto ressaltado por ele foi o desempenho dos estudantes que usaram o bônus no vestibular e realizaram a graduação pela universidade, que também possui campus em Limeira.

“Esse programa foi implantado em 2004. A tese é que, através de um sistema de bonificação, conseguiríamos fazer a inclusão sem recorrer a um simples sistema de reserva de vagas. O desempenho dos alunos que ingressaram graças ao sistema era melhor, em muitos cursos, do que aqueles que não se utilizaram do programa”, ressaltou Tadeu Jorge.

Os cursos mais concorridos da Unicamp tiveram aumento do número de matriculados oriundos na rede pública nesta edição do vestibular. Em medicina, por exemplo, o índice subiu 129,6% no período – passou de 14,5%, no ano passado, para 33,3% neste ano. Outros cursos que registraram crescimento expressivo foram arquitetura e urbanismo, que passou de 3,3% para 31%; engenharia civil, que foi de 12,3% para 31,6%; e midialogia, que subiu de 16,6% para 30%.

Diferenças e incentivos
Embora alguns cursos tenham registrado baixo número de matrículas feitas por estudantes provenientes da rede pública, como as engenharias de produção (7,2%) e de manufatura (16,9%), além de geologia (10,5%), outros registraram índice superior ao valor da meta, entre eles, o de engenharia química – noturno (63,1%), e também de enfermagem (59,4%).

O reitor da Unicamp adiantou que o sistema de bonificação pode ser reajustado nas próximas edições, com intuito de ampliar a inclusão de candidatos autodeclarados como negro, pardo ou indígena – que representam 17,7% dos matriculados no vestibular deste ano. Outra medida, segundo Tadeu Jorge, é elevar o número de estudantes da rede pública que prestam o vestibular, por meio de uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação. A medida prevê a divulgação sobre o PAAIS e a universidade nas escolas públicas do estado durante o ano letivo.

Oferta de vagas
Sem revelar detalhes, Tadeu Jorge afirmou que “a vontade da Unicamp” é a de criar mais vagas e, segundo ele, o investimento deve ser direcionado para o campus de Limeira (SP), que opera abaixo da capacidade prevista. “Foram criadas 480 vagas, mas o projeto foi para 1 mil. Estamos discutindo internamente a retomada do projeto e algumas tramitações podem ser gerar mais vagas em Campinas”, explicou. Atualmente, a universidade possui 18 mil alunos na graduação e outros 22,8 mil na pós-graduação.