Thaís Britto
Com a adesão ao Sisu, metade das vagas deverá ser ofertada pelo vestibular tradicional e metade pelo sistema unificado a partir de 2015.
O acesso à metade das vagas da Universidade Estadual do Ceará (Uece) poderá ser feito com notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir de 2015. Duas propostas de adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e implantação de sistema de cotas raciais e étnicas foram apresentadas pela Pró-Reitoria de Políticas Estudantis (PRAE) em seminário na manhã de ontem, no Campus do Itaperi. Alunos, professores e membros de movimentos sociais se manifestaram a favor da mudança e debateram a logística da nova seleção.
A decisão ainda deve ser aprovada em reuniões do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e do Conselho Universitário (Consu), ainda sem datas definidas. O vice-reitor Hildebrando Soares sinaliza que há uma forte tendência para que as medidas debatidas sejam efetivadas. Com a adesão ao Sisu, metade das vagas é ofertada pelo vestibular tradicional e metade pelo sistema unificado no início do ano. De acordo com o reitor Jackson Sampaio, o aluno terá de escolher entre as duas alternativas. Para as vagas do segundo semestre, o acesso é apenas pelo vestibular organizado pela Uece.
Não está definida a vigência do sistema de cotas na universidade. De acordo com o reitor Jackson Sampaio, o modelo pode ser avaliado e redefinido ano a ano, mas um prazo para o fim das cotas pode ser definido em reunião com o Cepe. “Se o modelo aumenta a inclusão geral da população e reduz a desigualdade socioeconômica, você poderá um dia não ter cotas”.
Propostas
Também segue para o conselho a escolha entre as duas propostas formuladas pelo grupo de trabalho da PRAE. A primeira destina cotas raciais dentro das vagas destinadas aos alunos de escola pública. A segunda já separa 9% das vagas pelo Sisu para pretos e índios e mantém as cotas raciais entre alunos de escola pública (ver infográfico).
Opiniões
Apesar de concordar com a democratização do acesso à universidade, o estudante Henrique Cabral, 25, defende que a adesão ao Sisu precisa ser mais debatida. “Pensando em Fortaleza, o modelo pode funcionar. Mas a Uece tem perfis diferentes no Interior. Questionamos como pode ser a evasão onde a procura é bem menor”, argumenta. Para o estudante, medidas alternativas poderiam ser levadas em conta. “Talvez fosse o caso de adotar o Enem para a primeira fase ou para servir de diferenciação de notas”, exemplifica.
Cursando as aulas de pré-vestibular ofertadas na Uece, a estudante Danielli Monteiro, 21, comemora a possibilidade de concorrer a uma vaga para Ciências Contábeis com as notas do Enem. “A segunda fase do vestibular (da Uece) é puxada. Agora posso focar mais no modelo de prova do Enem, já que eu tenho mais facilidade”.
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