Alunos da rede pública do Ceará ocuparam, até agora, 2.342 das 8.417 vagas disponíveis nas instituições que aderem ao Enem. Resultado da dedicação da comunidade escolar e dos estudantes e da política de cotas.
Das 8.417 vagas ofertadas pelas instituições do Ceará que utilizam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como seleção, 2.342 (27,8%) foram preenchidas na primeira chamada por alunos da rede pública do Estado. Na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a matrícula dos cotistas foi maioria na Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e no Instituto Federal do Ceará (IFCE).
Na UFC, os cearenses representaram 93,7% do total de cotistas matriculados na primeira chamada (2.070). Já nas 97 vagas preenchidas na Unilab (a oferta era de 194), 53,6% foram por candidatos que comprovaram ter cursado o ensino médio na rede pública. Os números devem ser ampliados com os resultados da segunda chamada do Sisu e da lista de espera, uma vez que as instituições destinarão 50% para as cotas.
Os dados, no entanto, não levam em conta alunos da rede pública que tenham se inscrito para a ampla concorrência, assim como alunos cearenses que tenham sido aprovados para instituições em outros estados do País.
Dedicação
O POVO ouviu alguns dos estudantes da rede pública estadual que conseguiram aprovação na primeira chamada do Sisu. E, para eles, 2013 foi de dedicação total aos estudos. Aulões, simulados e estudos em casa. Disciplina já presente na vida escolar, mas reforçada no último ano do ensino médio. Na avaliação deles e de gestores das escolas, a política de cotas é outro ponto importante para aumentar as chances de acesso.
Em Fortaleza, o Colégio da Polícia Militar é destaque no número de aprovações. Jardel Urcezino Mota, 18, sempre estudou em escola pública e tinha o curso de Medicina como sonho. E, em 2014, ele começa a vida de universitário na UFC. “Eu sabia que tinha que aproveitar ao máximo os recursos oferecidos pela escola”, comenta, lembrando que foi convidado para mudar para escolas particulares, mas preferiu continuar na instituição. Para os estudantes, há orgulho e responsabilidade em ser da escola pública e conseguir vaga no ensino superior público. “É uma sensação de dever cumprido”, comentaram.
“Se os outros colégios têm propaganda na TV e no jornal, quem faz propaganda aqui são os ex-alunos. Todo mundo recomenda”, destacam as ex-alunas da Escola Adauto Bezerra, também em Fortaleza. Joyce Sousa, Larissa Kelly, Ivana Maria e Larissa de Castro estão entre os estudantes que sairão da escola, referência para a comunidade nos últimos anos, para os bancos da UFC. Cursos como Enfermagem, Administração, Engenharia Civil e de Pesca estão entre as escolhas delas.
Para as garotas, ter acesso às cotas é um direito importante que também foi conquistado com mobilizações e discussões. Apesar de todos os alunos ouvidos pelo O POVO terem optado pelo sistema de cotas, eles explicam que a diferença entre as notas de corte da ampla concorrência e dos cotistas para seus cursos não apresentavam grande divergência. Agora a perspectiva é de um ensino superior público, gratuito e de qualidade. Para eles e muitos outros que ainda virão.
Serviço
Seleção para o Projeto Pró-Exacta
O quê: O projeto da UFC oferece gratuitamente aulas a estudantes da rede pública como preparação para o Enem.
Mais informações: 3366 9602
Números
Rede Pública e acesso ao Ensino Superior
O Ceará tem 687 escolas na rede estadual de ensino, com mais de 500 mil estudantes.
150 mil estudantes compareceram às provas do Enem em 2013, o que inclui alunos de outras séries do ensino médio.
2.667 candidatos do Ceará foram aprovados em vestibulares de universidades públicas (o que exclui a UFC).
3.633 estudantes da rede estadual foram aprovados em instituições particulares de ensino superior.
As cotas e a UFC
58,4% das vagas da UFC foram preenchidas na 1ª chamada do Sisu.
Das 6.378 vagas ofertadas, 3.727 foram ocupadas na 1ª chamada, sendo 2070 vagas pelos alunos cotistas, o que representa 55,5%.
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