Estudantes e pesquisadores negros, indígenas e pessoas com deficiência podem contar com o apoio do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, criado em novembro de 2013. Para adequar os editais de bolsas ao programa, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação realizou nos dias 30 e 31 de janeiro, em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), reunião técnica sobre o tema.
O objetivo do programa Abdias Nascimento é oferecer aos estudantes formação e capacitação em universidades, instituições de ensino superior e centros de pesquisa de excelência no Brasil e no exterior. Entre as ações do programa estão a concessão de bolsas de estudos, o auxílio na mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores e a criação de canais de cooperação entre grupos de pesquisa brasileiros e estrangeiros.
Para a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Macaé Evaristo, o programa complementa as políticas públicas de ação afirmativa.
Com as políticas de acesso à universidade, um grupo muito grande de jovens com deficiência chegou aos cursos de graduação, porém para o presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, José Belisário, as instituições não estão preparadas para eles. ”O que esperamos do programa é um suporte para que os estudantes com deficiência permaneçam na graduação e possam almejar a pós-graduação, que esse caminho fique claro para eles”, disse.
Para o presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, Paulino de Jesus Francisco Cardoso, o investimento na formação e capacitação de estudantes e pesquisadores negros é benéfica para o país. “A diversidade é importante para a ciência brasileira”, defendeu Cardoso. “O programa vai oferecer aos oriundos das populações vulneráveis, especialmente a população negra, as condições necessárias para ter a competência e a excelência para produzir uma ciência que esteja articulada à sua população”, concluiu.
“O programa pretende garantir um direito”, define Gersem Baniwa, diretor de políticas afirmativas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). “Esse acesso ao ensino superior, reconhecendo a sua diversidade, seu conhecimento, sua língua, suas tradições, potencializa, fortalece e é uma condição para que esse direito a cidadania seja garantido”. Para Baniwa, o acesso do indígena ao ensino superior melhora as condições sociais de vida em coletividades indígenas. “A melhoria na gestão dessas comunidades, por meio dos seus jovens, profissionais e pesquisadores, avança na busca pela cidadania ampla, na relação com os não-índios e no desenvolvimento da sua região”, disse.
Abdias Nascimento foi um político, ativista social e escritor, que morreu aos 97 anos, em 2011. Na política, foi deputado federal (1983-1987) e senador (1997-1999). Como ativista militante, colaborou na criação do Movimento Negro Unificado. Desse movimento surgiu a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas artes, Abdias destacou-se em vários campos, em especial na criação do Teatro Experimental do Negro, em 1944.
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