Segundo a assessoria de imprensa do Inep, 317 escolas entraram com pedido de reexame do cálculo das médias dentro do prazo estabelecido.
Dois meses após a divulgação dos resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2012 por escola, 101 colégios ainda não tiveram suas médias publicadas. Segundo a assessoria de imprensa do Inep (Instituto de Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), 317 escolas entraram com pedido de reexame do cálculo das médias dentro do prazo estabelecido. Até a última sexta-feira (17), 216 casos já haviam sido avaliados e 202 escolas tiveram as médias publicadas.
A divulgação desse ano teve mais de 11 mil escolas e foi marcada pela ausência de colégios que sempre apareciam entre aqueles com melhores notas. Até mesmo a instituição com melhor média nacional ficou de fora da primeira lista: a média de 740,81 pontos do Colégio Objetivo Integrado, de São Paulo, só foi publicada em 27 de novembro, um dia após a divulgação oficial.
A média de outras duas escolas foi publicada na mesma nota técnica que a do Objetivo Integrado. Essa nota também informava que até momento 24 colégios já haviam entrado com recurso para terem os resultados divulgados. Mas as notas não seriam divulgadas todas juntas, nos dias seguintes, notas técnicas com algumas revisões passaram a ser publicadas.
“Todos os pedidos foram analisados de forma equânime por ordem de chegada e de acordo com a celeridade das informações prestadas pelas referidas escolas”, informou o Inep quando questionado sobre a razão de algumas escolas terem as notas publicadas antes de outras.
De acordo com o Inep, “em todos os casos o número de participantes do Enem daquela escola [que entrou com recurso] era maior do que o número de concluintes, o que gerou uma taxa de participação maior do que 100%, o que, evidentemente, demandou correção”. Isso pode acontecer, por exemplo, se um candidato errar o preenchimento da unidade em que estuda no momento da inscrição no Enem.
Para coordenadores de escolas ouvidos pelo UOL, o Inep poderia ter evitado a necessidade de recursos se tivesse enviado as informações para checagem dos colégios antes da divulgação oficial. Tal sistema de checagem já é utilizado pelo órgão em divulgações como o Censo Escolar, em que a escola tem acesso somente as suas informações e podem fazer correções, se necessário.
Para Amábile Pacios, presidente da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), o dano causado para a escola que não teve a nota publicada é significativo: “A escola que sempre apareceu na lista e não aparece, como ela explica para os pais? Isso causou muitos danos”.
Amábile também explica que a federação é contra o uso da nota do Enem para fazer rankings e servir de apoio para a escolha da escola. “Queremos que cada escola tenha acesso ao seu desempenho e se os pais quiserem saber a nota de determinado colégio deve consultar com eles. Podem até comparar, mas com a maior e a menor nota no exame, não com outras escolas”, afirmou. Para ela, o Enem não consegue, com uma única prova, avaliar a qualidade de uma instituição de ensino.
Mudança na divulgação
As notas técnicas com as correções continuaram sendo publicadas no site do Inep até o dia 16 de dezembro, quando as inclusões de escolas no sistema pararam de ser noticiadas pelo órgão. Até essa data, 69 colégios que entraram com recurso já tinham conseguido acesso às notas.
Questionado pela reportagem do UOL, a assessoria de imprensa do Inep informou que “as notas técnicas continuam a ser produzidas normalmente e os resultados dos cálculos encaminhados diretamente para as escolas interessadas”. “Todos os resultados foram divulgados por meio de nota técnica e incluídos no sistema de busca pública do Enem por escola, disponível no portal do Inep”, afirmou o instituto.
Na prática, com essa mudança na forma de divulgação fica mais difícil saber se uma escola teve o recurso aceito ou não. Antes, bastava entrar no site do Inep e consultar as notas técnicas divulgadas. Agora, só o responsável pela escola recebe as notas técnicas – para ter acesso ao seu conteúdo é preciso abrir um pedido no Inep.
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