O estudo recentemente lançado apresenta as características da íngreme evolução dos óbitos por armas de fogo no Brasil. Coordenado pelo notável sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, o Mapa examinou a elevação alarmante de tais mortes.
Entre 1980 e 2010, morreram no Brasil, segundo o Mapa, um total de 799.226 cidadãos vítimas de armas de fogo. Esse número espantoso se agrava com a informação que 450.255 deles eram jovens entre 15 e 29 anos de idade. Em 2010, a cada dia morreram 108 pessoas por armas de fogo no Brasil.
O Estado de Alagoas, de acordo com o citado estudo, saltou da taxa por cem mil de 17,5 mortes por armas de fogo em 2000, índice menor que a taxa nacional do período que era de 20,6, para 55,3 mortes por armas de fogo em 2010, registrando o crescimento acelerado na década mencionada de 215,2%.
Já o município de Maceió, que registrava em 2000 a taxa de homicídios por armas de fogo de 31,6, em 2010 assinalou a taxa de 94,5, praticamente triplicando a mortalidade por armas de fogo no período.
Em que pese a gravidade das cifras de mortes por armas de fogo registradas em Alagoas e em Maceió retratadas insofismavelmente no Mapa, não se observa no âmbito da política pública da segurança um programa efetivo, eficaz e sistêmico do controle de armas de fogo em nosso Estado.
A bonificação dos policiais por apreensão de armas de fogo, bem como o ônibus para o recolhimento voluntário de armas, além de não se constituírem no programa de controle de armas de fogo, são medidas tópicas, insuficientes, e limitadas, não incidindo sobre a gravidade e a centralidade da problemática.
Diante da gravidade do quadro aqui descrito, requeri ao deputado Alessandro Molon, presidente da Subcomissão Especial de Controle das Armas e Munições da Câmara dos Deputados, a realização de audiência pública em Maceió para discutirmos essa questão.
Afinal, se as armas de fogo não nascem em árvores, como chegou a dizer certa vez, num misto de desespero e desabafo, um ex-titular da pasta da Defesa Social de Alagoas, qual a origem das armas de fogo utilizadas com tamanha recorrência e intensidade nos crimes de homicídios e em outros delitos?
A busca por uma resposta técnica e científica a essa pergunta é conditio sine qua non para a superação da condição vexatória de ser Alagoas a unidade da federação com a maior taxa de “mortes matadas por armas de fogo”.
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