Valorização dos profissionais da educação, promoção do intercâmbio de estudantes, incentivo à educação a distância, concessão de estímulos para entrada de professores estrangeiros foram algumas das sugestões apresentadas nesta quinta-feira (28) durante audiência pública “O Brasil que queremos e o ensino superior: desafios e oportunidades”, realizada pela Comissão Senado do Futuro.
A necessidade de uma gestão mais profissional da educação, especialmente das universidades, e a permissão para que empresas possam deduzir do imposto de renda investimentos em educação e pesquisa também foram medidas apontadas para melhorar o ensino superior.
O presidente da comissão, Luiz Henrique (PMDB-SC), mostrou-se preocupado com o fato de nenhuma universidade brasileira estar na lista das 200 melhores instituições educacionais do planeta e afirmou que uma mudança profunda na área de vontade política.
– A educação tem que ser a prioridade e as coisas acontecem quando há vontade política. Houve vontade política no Programa Ciência Sem Fronteiras e as coisas estão acontecendo – observou.
Manuel Marcos Formiga, pesquisador do Laboratório de Estudos do Futuro da Universidade de Brasília (UnB), elogiou o Programa Ciências Sem Fronteiras, mas disse que ele deveria ser ampliado, estimulando também a vinda de estudantes estrangeiros para o Brasil.
– Na Corea, China, Índia, Taiwan é quase uma obrigação fazer um semestre em um país diferente como parte da sua formação de graduação – disse Formiga.
Ele defendeu também o fortalecimento dos cursos da área tecnológica como o de Engenharia.
– No Brasil, 78% fazem ciências humanas e sociais. Faltou planejamento. Formamos apenas 40 mil engenheiros por ano – lamentou o pesquisador da UNB.
Capital privado
Conceder incentivos para parcerias público-privadas entre empresas e instituições públicas de referência como Fiocruz e Embrapa foram outros caminhos apontados durante o debate.
Para o Secretário Nacional de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo, Vinícius Renê Lummertz Silva, a universidade brasileira precisa se abrir não apenas para a circulação de estudantes como também para investimentos de empresas.
– Conhecimento hoje é commodity. Agora, a transformação desse conhecimento em uma estratégia que faça sentido para o desenvolvimento do país, em cima de valores, é que seria o desafio – apontou.
Ensino básico
O professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), Isaac Roitman, citou o baixo nível de conhecimento de muitos dos estudantes que ingressam no ensino superior e afirmou que é preciso um esforço urgente para melhorar a educação básica. Ele manifestou apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2013, do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que propõe a federalização da educação. Também defendeu a valorização do profissional de educação.
– Na Coreia do Sul, nenhum funcionário público pode ganhar mais que o professor – observou Roitman.
Qualificação
Especialistas e senadores também observaram que o crescimento do país passa necessariamente pela qualificação do capital humano. Para o senador Luiz Henrique, existe uma diáspora entre o nível de excelência encontrado em muitas empresas estatais e privadas do país e a “absoluta falta de excelência universitária”.
Para o reitor do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), Ozires Silva, o problema não é a falta de investimentos por parte do governo, mas a ineficiência na aplicação dos recursos públicos
– O próprio MEC divulgou certa vez que de cada R$100,00 que entram no orçamento nacional da educação, R$8,00 chegam ao aluno. Há uma ineficiência enorme na aplicação dos recursos. Precisamos de novas formas de gerenciar a educação, uma gestão de educação – criticou Ozires Silva, ao observar que 70% da população é analfabeta funcional,.
Gestão profissional
Quanto à importância de uma gestão mais profissional da educação, especialmente das universidades, os debatedores concordaram, por exemplo, com a necessidade de que escolhas de dirigentes de instituições de ensino deixem de ter caráter político e privilegiem a meritocracia.
– Creio que a eleição direta para reitor era até certo momento necessária para balançar a instituição, mas depois de 25 anos, talvez não seja mais o caminho – ponderou o senador Cristovam Buarque, autor do requerimento para a realização do debate.
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