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‘Educação das relações étnico-raciais’ está no currículo das licenciaturas.
Professor titular defende ‘diálogo com vários campos do conhecimento’.

Foi lançada nesta segunda-feira (25), na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a disciplina “Educação das relações étnico-raciais”, com palestra da ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República Matilde Ribeiro. A matéria é a primeira a fazer parte do currículo obrigatório para licenciaturas no ensino superior brasileiro, segundo informa a Rural.

“A introdução dessa disciplina nos cursos de licenciatura é uma demanda histórica dos ativismos que lutam contra o racismo e a discriminação. Isso acontece por dois motivos principais: os professores da educação básica têm uma compreensão que existe uma carência de formação efetiva no âmbito das universidades para atuação na educação básica. Em segundo lugar, a introdução dessa disciplina projeta, dentro da universidade, a potencialidade de estudos, convivências e discussões a respeito da discriminação, do racismo e dos repertórios civilizatórios afrobrasileiros, dando uma dimensão mais abrangente à uma universidade pública, porque ela dialoga com diferentes campos do conhecimento”, diz José Nilton de Almeida, professor-titular da nova disciplina.

A criação da nova matéria foi estabelecida em 2012, por meio da resolução n°217 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRPE. “O aspecto singular da Rural é o fato de introduzir essa disciplina como obrigatória nos cursos de licenciatura, pensando que a formação de profissionais que atuam na educação deve ter esse componente, essas informações, esses conhecimentos como parte de sua formação. Indiretamente, a disciplina é colocada como optativa para os cursos de bacharelado que têm um foco maior em pesquisa. Outras universidades têm experiências, mas em cursos específicos, como pedagogia. Acho que a única universidade com um desenho mais ou menos semelhante é a de São Carlos [SP], que a colocou como obrigatória para pedagogia e optativa para enfermagem. A única com esse desenho abrangente, para todas as licenciaturas, é a Rural de Pernambuco”, assegura o professor.

Os alunos veem como positiva a inclusão da nova disciplina no currículo. “Espero que possa incrementar nosso currículo de forma positiva, falando sobre a diversidade, sobre outras culturas que muitas vezes nós conhecemos de forma superficial, para que nós, como educadores, possamos sair mais preparados para lidar com isso no dia-a-dia”, defende Alana Ruany, aluna de pedagogia.

Mirela Rabelo, que também cursa a mesma graduação, espera que a nova matéria provoque o debate. “Espero que aborde temas que ampliem a nossa visão sobre a diversidade que existe no Brasil, sobre os conflitos que existem. Acho importante que novas disciplinas sejam incluídas nos cursos, para que abram a nossa mente, para podermos entender e aprender a lidar com essa diversidade”, pontua.