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O anúncio de que as atividades na Faculdade Católica do Ceará (FCC) vão até dezembro deste ano, feito na noite da última quinta-feira, 17, gerou mobilizações de estudantes e internautas. Pelo menos 40 alunos dos três cursos de graduação da faculdade, que é gerida pelos Irmãos Maristas, se organizam para exigir judicialmente a conclusão dos estudos na instituição. Na Internet, mais de 500 pessoas assinaram ontem petição a favor do tombamento do prédio que abrigou o Colégio Marista Cearense desde 1913. Segundo a instituição, a decisão de cessar o ensino superior no Estado é cogitada desde 2012. 

 

De acordo com a assessoria da União Norte Brasileira de Educação (Unbec), mantenedora da faculdade, a demora na comunicação ocorreu porque estavam sendo estudadas e garantidas todas as formas de facilitar o encerramento para os 691 alunos matriculados, 50 professores e 72 funcionários. Uma das ações foi a parceria com a Universidade Estácio FIC, onde os alunos poderão continuar os estudos sem ônus para realizar a transferência. Na mesma noite em que foi anunciado o fim das atividades, um grupo de estudantes reuniu contatos de pessoas interessadas em requerer na Justiça a conclusão dos cursos na Faculdade Católica.

 

“A nossa briga é para terminar onde começamos”, afirma Sheila Sousa, do terceiro semestre de Design de Moda. Na primeira mobilização, foram 40 nomes assinados em uma lista com representantes também dos outros dois cursos, Educação Física (Bacharelado e Licenciatura) e Publicidade e Propaganda. Ainda em reuniões e conversas entre os alunos, o grupo busca orientação jurídica para reivindicar que todos os matriculados consigam concluir o curso pela instituição, o que implicaria no funcionamento até junho de 2015. “Não queremos a graduação em outra faculdade. Eu escolhi a Católica pelo histórico e pela grade curricular”, desabafa Sheila.

 

Atendimento

Segundo a diretora acadêmica da FPP, Manuela Suassuna, os alunos contarão com atendimento personalizado em três salas da instituição, a partir da próxima segunda-feira, para facilitar a transferência para a Estácio FIC. Caso a caso será analisado para que não haja prejuízos na formação dos alunos e para garantir o aproveitamento de disciplinas já cursadas. “É uma possibilidade para o aluno. Se ele quiser, pode ir para qualquer outro lugar”, esclareceu a assessoria da Unbec. O estudante David Motta, do oitavo semestre de Publicidade e Propaganda, deve concluir o curso na universidade indicada pelos maristas. “Eu não sei se o processo vai dar em alguma coisa. Se der, maravilha. Mas eu acho difícil”, relata. De acordo com David, o clima entre os alunos é de tristeza. 

 

Pelo site Avaaz, que reúne assinaturas em torno de campanhas online, mais de 600 pessoas pediam até ontem o tombamento do prédio centenário que abriga a Faculdade Católica. O imóvel sediou o Colégio Marista Cearense desde 1913. Segundo o texto da petição, o prédio teria sido vendido para uma empresa interessada em construir um shopping center. “Não há negociação de venda no momento, não há destino para o prédio. Agora, estamos cuidando das pessoas. Depois vamos ver o que faremos. Nenhuma dessas especulações é concreta”, garantiu o irmão Paulo Henrique Martins, coordenador da comunicação da Unbec.

 

Saiba mais

 

Após o encerramento das atividades em dezembro, a secretaria acadêmica da FCC funcionará durante seis meses para resolver pendências dos alunos. Segundo a diretora acadêmica Manuela Suassuna, a colação de grau dos concludentes desse semestre deve ser antecipada. A decisão depende de reunião do Conselho Superior.

 

A instituição está presente em outros projetos no Ceará: são três escolas (no bairro Maraponga, em Iguatu e Aracati) e um centro social na praia da Abreulândia.

 

A FCC começou as atividades em 2004 com o nome de Faculdade Marista Fortaleza. A instituição ocupa dois quarteirões no Centro da cidade, com centro esportivo, agência experimental de Publicidade e Propaganda, laboratórios, bibliotecas e salas multimídia.

 

Até 2007, o prédio abrigou o Colégio Marista Cearense, que ofertava turmas da educação infantil ao Ensino Médio. No ano passado, ex-alunos organizaram uma festa para comemorar os 100 anos da escola, mesmo após o fechamento.