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Em 2013, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) completa 15 anos com mais força e importância do que nunca. De instrumento de medição de desempenho, ele se tornou porta de acesso à universidade, viabilizando vagas em instituições federais, bolsas de estudo e financiamentos estudantis em faculdades privadas, intercâmbios no exterior e certificados de conclusão do ensino médio. Embora pese contra o exame um extenso histórico de polêmicas referentes à aplicação das provas, analistas são unânimes em destacar o exame como uma inovação positiva para a educação superior no Brasil e apostam que ele ainda assumirá mais funções.

Criado no governo Fer­nando Henrique Cardoso, em 1998, a primeira edição da prova possuía apenas 63 questões, menos da metade das 180 cobradas desde 2009. Quando foi lançado, o exame foi definido como uma avaliação de comparecimento voluntário que ajudaria o governo a elaborar políticas públicas. Apenas 115,6 mil alunos fizeram a prova de estreia. Hoje, o número representa 1,6% dos 7,2 milhões de inscritos que farão o exame nos dias 26 e 27 de outubro.

Mudança

“No início, não acho que ele [Enem] tenha cumprido sua função. A maior parte dos alunos não tinha o menor interesse em fazê-lo porque consideravam que a prova não servia para nada”, diz o professor Artur José Ribeiro da Costa Filho, gerente de Consultoria Pedagógica do Sistema Ari de Sá de Ensino (SAS). Para o professor, o exame ganhou mais atenção em 2004, quando o desempenho na prova tornou-se critério para a obtenção de bolsas de estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni).

Em pouco tempo, várias instituições públicas passaram a aceitar a nota do Enem como parte da nota no vestibular. A Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, aderiu ao exame em 2009, dando ao Enem o peso de 10% na nota final.

Também em 2009 ocorreu a consolidação do exame como meio de acesso ao ensino superior. Com a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a nota obtida no Enem tem se tornado a chave de acesso a dezenas de universidades públicas de todo o país. “A mudança ocorrida naquele ano foi importante porque ele ganhou uma nova configuração, muito mais voltada à democratização do acesso à universidade do que à medição de desempenho”, diz a doutora em Educação e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Jane Alves da Silva Moreira.

O último passo importante do Enem foi voltado para o estrangeiro. Desde 2011, universitários com desempenho mínimo de 600 pontos no exame – além de outros critérios – podem concorrer a bolsas de estudo em universidades do exterior a partir do programa Ciência sem Fronteira. Até 2014, serão concedidas 101 mil bolsas.

Currículo influenciado

A influência do Enem sobre o currículo do ensino médio é um aspecto destacado pelo professor da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Joe Garcia. Mesmo sem uma mudança formal nas matrizes curriculares, a popularização do exame levou muitas escolas a moldarem suas disciplinas e metodologias de modo que seus alunos tivessem melhor desempenho na prova. “Para obterem melhores posições no ranking do Enem, muitas escolas criaram esquemas de preparação dos alunos similares aos usados para o vestibular”, diz o professor.

A tomada do Enem como referência para mudanças na grade curricular do ensino médio foi explicitada no ano passado pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Em entrevista coletiva, em agosto, ele disse que os quatro campos de conhecimento cobrados no exame servirão como “organizadores do ensino médio” na reformulação discutida pelo MEC desde 2009.

Além da redação, o Enem é composto por questões nas áreas de Matemática, Ciên­cias da Natureza, Ciências Humanas e Linguagens.