Caucaia, Maracanaú, Juazeiro do Norte, Sobral e Crato compõem os cinco maiores municípios em população do Ceará (depois da Capital) e compartilham com o Estado e com o Brasil o cenário de redução do número de matrículas nas redes de ensino. Nos dados preliminares do Censo Escolar 2013, divulgado na última segunda-feira (23) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), todos os municípios apresentaram reduções que vão de 0,59% a 3,26%. A redução do Estado foi de 2,95%, como O POVO publicou ontem.
Para Jorge Alberto Rodriguez, doutor em políticas educacionais e diretor da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em Quixadá, diversas variáveis estão implicadas nessa redução. Entre elas, o aperfeiçoamento dos mecanismos censitários, uma vez que, no início do processo, havia a duplicidade de dados e o aparente inchaço do sistema, justamente pelo interesse dos municípios em ter mais alunos para receber mais repasse, situação melhor acompanhada atualmente. O número de matrículas é base para a destinação dos investimentos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Outro ponto indicado por ele é o fato de o sistema caminhar para entrar em um equilíbrio. “Não significa que não existam crianças e adolescentes fora da escola, mas não são mais a regra”. Uma questão que não pode ser ignorada são as menores taxas de natalidade, que também repercutem no sistema, reiterou.
Segundo o secretário de educação de Caucaia, Ambrósio Ferreira, a população está diminuindo. “Não é menos interesse na educação”, acredita. Segundo ele, a dinâmica de cada município afeta a rede de ensino e, em Caucaia, há a expectativa de mudança desse cenário, uma vez que a população da cidade está crescendo e isso causa uma maior demanda. O secretário de educação de Maracanaú, José Marcelo Farias, indicou que a rede foi absorvendo e equilibrando a demanda nos últimos anos, o que envolve também o trabalho de encaminhamento dos alunos fora da faixa etária adequada.
Com as esferas municipal e estadual partilhando a rede de ensino, a transição entre as unidades precisa de monitoramento dos gestores para que a evasão não se coloque no caminho dos estudantes. Segundo José Marcelo, há um acompanhamento para saber se os alunos encaminhados são efetivamente matriculados. Ele comenta que, nos últimos anos, uma redução nas matrículas do ensino médio causou, inclusive, o fechamento de escolas por falta de aluno. Para Ambrósio Ferreira, uma das soluções possíveis para a evasão é a escola em tempo integral.
Menos reprovações
Conforme Betânia Gomes, coordenadora de Avaliação e Acompanhamento da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), a melhoria dos indicadores de rendimento escolar, com redução das taxas de reprovação é um dos fatores para a redução. Além disso, ela afirma que agora há uma “maior qualidade da informação prestada ao Censo Escolar, com um maior rigor no controle de qualidade das informações”.
ENTENDA A NOTÍCIA
Seguindo o cenário nacional e estadual, os maiores municípios do Ceará também tiveram redução de matrículas. Os possíveis motivos vão desde a estabilização do sistema à correção de fluxo nas redes de ensino.
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