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A violência tem ultrapassado os muros e invadido escolas em Teresina. Na Vila Irmã Dulce, Zona Sul da capital, as constantes ameaças têm feito professores e diretores pedirem transferência para outras unidades de ensino. O medo também predomina entre os alunos e alguns colégios deixaram de funcionar no turno da noite.

Um levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Educação (Semec) constatou que 32 escolas já sofreram assaltos, arrombamentos, depredações e outros casos de violência só este ano.

As ruas da Vila Irmã Dulce, por exemplo, têm iluminação precária e depois das 18h30 ficam desertas. É nesse horário que os alunos do Ensino Médico e do Ensino para Jovens e Adultos (EJA) chegam para assistir aulas na Unidade Escolar Dom Helder Câmara, mas o aprendizado está ameaçado pela violência que predomina na região. Os estudantes não quiseram ser identificados porque temem represálias.

“Todo dia tem tiroteio. Tão tirando diretor da escola. Eles se disfarçam de alunos para vir aqui roubar. Os diretores estão todos com medo”, disse uma aluna, que teve o nome preservador.
“Os moleques por aí roubam celular, tudo enquanto. É o que acontece mesmo”, disse outra menina da escola.

A Unidade Escolar Dom Helder Câmara foi inaugurada há 11 anos e por diversas vezes foi alvo de roubos, mesmo com as grades e cadeados pelas portas e janelas. O muro baixo da escola contribui para a ação dos marginais.

“Rola drogas, não dentro da escola, mas rola. No fundo da escola, se for para ter uma guarnição aqui, vai diminuir muito”, disse uma aluna.

Na mesma escola, a vice-diretora foi transferida para outra unidade de ensino a pedido dela. A atual diretora do colégio está de férias. Alguns professores entraram com a solicitação de remanejamento na Secretaria Municipal de Educação e o motivo é um só: medo de continuar trabalhando na escola.

“Entraram aí para ameaçar professores. Foi uns dois que não sei quem é”, relatou uma estudante.

Outra preocupação são as brigas entre os próprios alunos da escola, que nem mesmo a vigilância da instituição consegue impedir.

“Aqui é uma região carente de segurança. Só aparece quando o Pelotão Escolar é chamado porque se não for isso não vem um policial”, disse um funcionário da escola.

A outra escola municipal localizada na Vila Irmã Dulce, a São Raimundo Nonato Monteiro Santana não funciona à noite desde o ano passado. O espaço agora é utilizado por um grupo de dança. Quem precisa estudar ou trabalhar à noite no bairro vive amedrontado e pede providências.

“Esperar que as autoridades façam alguma coisa né? A gente quer estudar, subir um pouco na vida”, disse um jovem.

Providências
Sobre a falta de iluminação pública, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano disse que uma equipe será enviada para verificar o problema e providenciar uma solução.

De acordo com o secretário de educação Kleber Montezuma, há 10 dias a secretaria participou  de uma reunião com o Comando da Polícia Militar, que segundo ele, contou com a presença de pedagogos da Unidade Escolar Dom Helder Câmara, onde os problemas foram relatados.

“O Comando tomou algumas posições que consideramos importante, que seria trabalhar em parceria com o comando da região e com a delegacia de Polícia Civil que fica bem próxima da escola.

A Semec também falou que vai instalar em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, câmeras de vigilância que estarão interligadas ao Pelotão Escolar.  “Do ponto de vista interno da escola, nós estamos tomando providências. O problema que nós temos lá é externo”, destacou o secretário.