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Os docentes da Universidade Gama Filho completam 40 dias de greve nesta terça-feira (17). Eles ainda não receberam os salários de julho e de agosto. Procurada pela reportagem, a mantenedora da instituição (Galileo Educacional) informou que pretende quitar os atrasados até o final da semana — no dia 12, a empresa havia feito a mesma promessa.

Os funcionários, que estão paralisados há 45 dias, e os alunos, que ocupam a reitoria há 64 dias, aumentam o coro da insatisfação. 

Uma das mais tradicionais instituições de ensino superior da capital fluminense, a Universidade Gama Filho promoveu centenas de demissões no final de 2012, o que agravou o cenário de crise — o sindicato aponta cerca de 600 dispensas, enquanto o grupo comprador contabiliza cerca de 400. A Gama Filho foi comprada pelo grupo Galileo Educacional em outubro de 2012. Em julho de 2013, os alunos invadiram a reitoria.

Dívidas

 “Mais uma vez o cronograma não foi cumprido [diz, referindo-se à promessa de pagamento dos salários no dia 12 de setembro]”, diz Francisco Brossard, diretor da ADGF (Associação de Docentes da Gama Filho). “Além de julho e agosto, a Galileo tem com os professores dívidas parciais de outros meses, além de férias.”

Já está agendada uma nova assembleia de docentes para o dia 20, quando vence o novo prazo para o pagamentos dos salários.

Segundo a Galileo Educacional, sua inadimplência é decorrente da inadimplência de 40% dos seus estudantes matriculados. Juntamente com a UniverCidade, a Gama Filho acumula uma dívida de R$ 900 milhões. O patrimônio do grupo está avaliado em R$ 1,6 bilhões.

Apesar das dificuldades para o pagamento dos professores, a Galileo anunciou em agosto a abertura de um novo campus na rua da Quitanda, no centro do Rio. A mantenedora não informou o valor do investimento nem vê contradição com o cenário de dívida trabalhista.

MEC 

Os alunos que ocupam a reitoria da Gama Filho querem que o MEC (Ministério da Educação) tire o controle da Gama Filho da Galileo Educacional. “Nós estivemos em Brasília reunidos com representantes do Ministério da Educação e nos foi prometida uma solução em no máximo uma semana, mas isso não aconteceu. Isso mostra uma total incompetência e até uma conivência do MEC”, disse o presidente do Centro Acadêmico, Edvaldo Guimarães, que faz medicina na instituição.

O Minsitério da Educação, por meio de nota, afirma estar acompanhando a situação dos 34 mil alunos sob reponsabilidade do grupo com “muita atenção”. Cita a formação de duas comissões para acompanhar os problemas e lembra que jásuspendeu vestibulares tanto na Gama Filho quanto na UniverCidade. 

Segundo a pasta, as medidas cautelares serão mantidas até que seja “comprovada a retomada dos ajustes financeiros trabalhistas firmados”.