A compra da instituição de ensino paulista FMU pelo grupo americano Laureate por R$ 1 bilhão é mais um passo na direção de um mercado de ensino superior mais concentrado e com capital mais aberto ao exterior e ao investidor da Bolsa de Valores.
Com a compra anunciada oficialmente ontem, os cinco maiores grupos educacionais do Brasil passam a ter 33,1% do mercado de ensino superior, um recorde histórico.
É a segunda grande movimentação no mercado desde o começo do ano, quando Kroton e Anhanguera anunciaram uma fusão. A partir de setembro, as suas ações entrarão no Ibovespa, índice que congrega as ações mais negociadas na Bolsa.
Nessa mesma linha, o vice-reitor da FMU, Arthur Sperandéo de Macedo, declarou ontem que, após a venda da instituição, a abertura de capital na Bolsa é uma possibilidade a ser analisada.
Macedo afirmou ainda que a expansão do ensino à distância é prioridade agora.
Esse setor, com altíssimo potencial, deve ser atacado e dominado pelos grandes grupos nos próximos anos, avalia o consultor na área de educação Carlos Monteiro.
“É uma área que favorece a escala, a padronização, os baixos preços, e nisso eles são muito bons”, afirma.
Os grupos têm ainda o desafio de melhorar a percepção de qualidade no ensino, diz Monteiro.
“Todos esses grandes grupos têm obsessão por redução de custos, e a folha de pagamento é a maior despesa. Vejo constantes melhoras no espaço físico, no layout, mas nem tanto no ensino em si.”
No caso da Laureate, as universidades do grupo –Salvador, Potiguar e Anhembi Morumbi– ficaram respectivamente em 96º, 152º e 156º lugar no último Ranking Universitário Folha, entre 188 instituições avaliadas.
Para os especialistas, as fusões e aquisições devem continuar nos próximos meses, por valores altos –a Laureate pagou R$ 15 mil por aluno da FMU, enquanto a Kroton havia pago R$ 8 mil por aluno da Anhaguera.
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