Gabriela Tom, 19, faz parte de um grupo de jovens com uma história em comum. Todos foram aprovados em universidades estrangeiras de prestígio acadêmico e, sem condições financeiras, dependem de um ‘crowdfunding’ (vaquinha) para bancar a tão sonhada graduação no exterior.
Os estudantes, 13 no total, passaram em instituições de ensino consideradas de excelência como o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) e as universidades Stanford e da Pensilvânia, entre outras.
“Em um único dia, a instituição conseguiu R$ 20 mil, mas precisamos de R$ 450 mil até julho para enviar esses 13 estudantes a universidades na Europa e nos Estados Unidos”, explica Renata Moraes, gerente de Acesso a Estudo da Fundação Estudar que lançou a campanha na internet.
“Esse valor arrecadado será retornado nos próximos 20 anos à Fundação Estudar, para gerar a mesma oportunidade a outros jovens no futuro”, esclarece. Uma graduação no exterior pode custar até US$ 60 mil ao ano, estima ela.
A quantia pedida individualmente pelos dos alunos que participam da vaquinha online está descrita em um pequeno perfil online, que é acompanhado por um vídeo de apresentação –acesse aqui para ver as mensagens.O banco BTG Pactual também participa e colabora com R$ 0,50 para cada R$ 1 arrecadado.
Relações internacionais
Gabriela terminou o colegial em 2010 e quer estudar relações internacionais na American University, em Washington DC. Ela foi aceita em mais três universidades (University of Evansville, Regis College e Notre Dame of Maryland University).
Como não tem contato com seus seis irmãos e os pais, que são separados, a família desconhece o desempenho de Gabriela nos estudos. Desde os 11 anos, a jovem vive com a avó de 53 anos, Cleonice, que vende de tudo um pouco para sustentar a casa. “A gente sempre estava numa luta. Ela ficava muito triste ao me ver chegando em casa com folhetos sobre aulas de inglês. Eu queria estudar, mas não tínhamos dinheiro para pagar”, lembra.
Apoio ao ensino público
A mudança na vida de Gabriela se deu quando estava ainda no ensino básico da Escola Estadual Doutor Francisco Brasiliense Fusco, em Campo Limpo. O distrito é o segundo mais violento, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo sobre a criminalidade no primeiro semestre de 2013.
Quando estava na sexta série, o Grupo ABC, do publicitário baiano Nizan Guanaes, começou a patrocinar a escola de Gabriela pelo programa Parceiros da Educação. Passados dois anos, a jovem obteve uma bolsa de estudo da rede de idiomas Alumni como um dos resultados do apoio empresarial ao ensino público.
Até a ideia de se candidatar a uma graduação no exterior surgiu durante um jantar oferecido por Nizan a convidados vindos dos EUA e do qual Gabriela participava. Ela fez um curso da Fundação Estudar voltado a estudantes que desejam ir para universidades no exterior e entrou para o programa Jovens Embaixadores em 2011 e se destacou.
Hoje ela trabalha no atendimento internacional da Agência África, que também pertence ao publicitário Nizan Guanaes, e terá parte de seus estudos pagos pela agência de publicidade.
“A minha esperança é baixar bem os custos e tentar outras bolsas quando estiver lá fora”, fala Gabriela sobre seus projetos, mesmo sem saber se terá condições de embarcar para os Estados Unidos em agosto, um mês antes do início das aulas. Como ela, os outros 12 estudantes ainda estão com o futuro incerto.
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