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SÃO PAULO – O mais recente estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre as perspectivas do mercado de trabalho até o ano de 2017, para a faixa etária entre 15 e 24 anos, merece ser analisado com atenção. Pais, instituições de ensino, governos, empresas, entidades de classe e a sociedade de uma forma geral devem iniciar, imediatamente, um processo de discussão e planejamento das ações preventivas que possam evitar uma situação caótica em um futuro muito próximo.

Segundo o estudo, “a taxa de desemprego entre os jovens vai piorar globalmente por causa do contágio da crise do euro para as economias emergentes”. Pelas projeções, a taxa de desemprego dos jovens atingirá 12,9% até 2017 — o que representa uma alta de 0,2 pontos percentuais em relação à estimativa anterior.

Essa deterioração do mercado de trabalho para os jovens é visível por meio de outros indicadores. Na falta de alternativa no mercado formal, 17% deverão ir para a economia informal. Além disso, também deve aumentar o número de jovens com atividades de tempo parcial, o que tende a “mascarar” os resultados sobre o desemprego.

Atualmente já é possível constatar essas consequências nas economias desenvolvidas. A taxa de jovens desempregados varia para mais de 50% na Espanha e Grécia. Já no Oriente Médio, essa taxa deve continuar a ser superior a 25%. Na América Latina, o índice deve permanecer ao redor dos 14,7%. Para os jovens, é de vital importância repensar os modelos que hoje representam os vínculos com o trabalho, as novas profissões e as diferentes formas de conduzir suas carreiras.

Os pais não poderão mais orientar seus filhos com base nos seus modelos de vida e carreira profissional. Eles devem estimular o espírito empreendedor desde muito cedo nas crianças e ampliar as discussões e debates sobre alternativas de realização profissional e pessoal. Também é preciso buscar formas para criar filhos com uma visão mais multicultural e internacionalizada, tornando-os independentes e assumindo mais riscos em relação aos seus sonhos e desejos pessoais.

As instituições de ensino vão sofrer profundas alterações nas suas finalidades, metodologias e conteúdos. A educação deverá se situar mais próxima do mundo real e o professor não poderá ser apenas aquele que leva conhecimento aos alunos, mas um mestre que leva o estudante ao conhecimento.

As empresas deverão rever seus modelos de carreira, estímulos, hierarquia e retenção de talentos. Possivelmente incorporando colaboradores com uma mentalidade que ultrapasse a mera expectativa do vínculo do emprego, captando também profissionais com perfil empreendedor e inovador.

Os governos, por sua vez, precisarão repensar suas políticas públicas sobre trabalho, tecnologia, inovação, modelos empresariais, novos segmentos de atividades, contexto urbano, maior longevidade e mais idosos permanecendo no mercado de trabalho.

É evidente que nesse contexto os avanços e mudanças no mundo virtual devem ter grande impacto. As relações entre as pessoas já estão mudando e devem se alterar ainda mais. Com o crescimento e o caos das grandes cidades, os deslocamentos deverão ser repensados e muito mais pessoas vão trabalhar em suas casas — o que também terá impactos sobre a estrutura familiar.

Essa, portanto, não é uma preocupação apenas para os jovens, mas para todos os que têm algum tipo de compromisso com o presente e o futuro da nossa sociedade.

Renato Bernhoeft é fundador e presidente do conselho de sócios da höft consultoria – transição de gerações. Atua como consultor e palestrante no Brasil e no exterior. É articulista e autor de 16 livros sobre empresas familiares, sociedades empresariais e qualidade de vida. Cursou filosofia na Faculdade Anglicana de Teologia, em São Paulo. Trabalhou por sete anos em projetos de desenvolvimento comunitário da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco) no México e no Peru. Coordenou a área de recursos humanos nas empresas Kibon, DOW Química e Villares.