Simões Filho, Lauro de Freitas, Porto Seguro e Eunápolis estão entre as dez cidades onde mais ocorreram assassinatos por arma de fogo no país entre os anos de 2008 e 2010, de acordo com os dados do Mapa da Violência, pesquisa promovida pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) e pela Flacso Brasil, cujos dados foram divulgados na noite de quarta-feira (6). Ao total, a Bahia possui sete locais com maiores índices de mortalidade entre as 20 cidades brasileiras com grave incidência da violência.
Por mais um ano, Simões Filho, cidade na região metropolitana de Salvador, figura na primeira colocação do ranking de 100 municípios com mais de 20 mil habitantes que possuem maiores índices de mortes por arma de fogo. Com uma população estimada em 118 mil no ano de 2010, a cidade registrou 180 assassinatos, com média de 141,5 casos desde 2008, segundo dados do Mapa. Na terceira colocação, depois de Campina Grande do Sul, no Paraná, está a cidade de Lauro de Freitas, também vizinha à capital baiana, onde ocorreram 173 crimes, com média de 106 nos três anos de análise.
(Foto: Pesquisa Mapa da Violência 2013/Reprodução)
O professor Julio Jacobo Waiselfisz explica que o estudo é realizado com base nos atestados de óbito do Ministério da Saúde, dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de mortalidade da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para ele, a onda de violência registrada nos últimos anos na Bahia pode ser justificada pelo desenvolvimento do estado, o que comumente atrai um fluxo populacional mais intenso e, consequentemente, a criminalidade.
“A partir dos anos 2000, há uma reconfiguração e migração da população para outros polos econômicos do interior do Brasil, como Simões Filho, Camaçari, entre outros locais. Atrai população, investimento, recursos, correspondente à modernização do aparelho do estado e à segurança pública. Isso também atrai a criminalidade. A criminalidade que estava erradicada na região do ABC Paulista e no Rio de Janeiro, quando melhora a segurança, o crime baixa e a violência muda para esses locais”, avalia o pesquisador.
Campina Grande do Sul e Guaíra são as duas únicas cidades do país que acompanham Simões Filho e Lauro de Freitas na soma de mais de 100 mortes por arma de fogo por 100 mil habitantes.
Na sexta posição do Mapa da Violência, está Porto Seguro, polo turístico no sul da Bahia, com 127 mortes em 2010 e média de 91 assassinatos desde 2008. Eunápolis e Itabuna, situadas na mesma região, estão na oitava e na 12ª colocações, com 87,4 e 83,2 média de óbitos, respectivamente.
O próximo município baiano que aparece na lista é Jacobina, ao norte da Bahia, com média de 81,4 mortes, na 14ª posição. Por fim, Dias D´Ávila, com média de 71 mortes, alcança a 19ª colocação do ranking da violência.
Salvador, capital do estado, por sua vez, está na 30ª posição, segundo dados da pesquisa. Com população estimada em cerca de 2,6 milhões, a cidade registrou 1.603 mortes por armas de fogo no ano de 2010 e tem média de 63,1 mortes por ano, calculado a partir de 2008.
Maceió, capital de Alagoas, é a primeira capital brasileira a aparecer na lista, na quinta posição, com 91,5 mortes nos três anos até 2010. Salvador é a segunda. João Pessoa, na Paraíba, é a terceira, com 61,3 mortes, na 39ª posição; Vitória, do Espírito Santo, e Recife, de Pernambuco, estão sequenciadas na 40° e 41ª colocação.
Investimento
Para o professor Julio Jacobo Waiselfisz, o enfrentamento da violência a partir de estratégias de segurança pública é uma das medidas que contribuem para a evasão dos criminosos. A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) prefere não comentar especificamente os dados divulgados pela pesquisa, mas apresentar os esforços investidos para coibir a violência. Há a previsão de aplicação de R$ 600 milhões no programa “Pacto pela Vida” para o setor nos dois próximos anos, que serão revestidos para melhorar a infraestrutura dos policiais, a recomposição do efetivo e para o aperfeiçoamento da atividade.
A SSP-BA investiu cerca de R$ 44 milhões na instalação das 12 Bases Comunitárias de Segurança, com viaturas, armamentos, coletes balísticos e munição, além de R$ 33 milhões na compra de duas aeronaves, sendo um helicóptero e um avião monomotor, que são utilizados para transporte de tropa, operações policiais, aeromédicas, salvamento e defesa civil. A medida mais recente anunciada é o “Prêmio por Desempenho Policial” (PDP), que concede quantias em dinheiro para o policial que atingir metas preestabelecidas.
Em relação ao combate dos crimes que resultam em mortes, a Secretaria aponta a criação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que tem 10 delegacias, voltadas para as investigações de homicídios. “Prestes a completar dois anos de atuação, o DHPP aumentou a remessa de inquéritos para a Justiça e também a identificação de autoria em casos de homicídios”, diz a SSP, em nota.
Sobre Simões Filho, a Secretaria reforçou a criação de uma força-tarefa para investigar os homicídios registrados em áreas desabitadas na região do Centro Industrial de Aratu (CIA), divulgado em outubro de 2012. Na ocasião, a Polícia Civil informou a atuação de um grupo de extermínio, inclusive com a participação de policiais.
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