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A Bahia é o quarto estado com maior índice de mortes por armas de fogo, com taxa de 34,4 mortes por cada 100 mil habitantes, bem acima da média nacional (de 19 mortes/100 mil habitantes). Os dados mostram que houve um crescimento de 195% em relação ao ano de 2000, quando o estado ocupava a 15ª posição, com taxa de 11,7. Os indicadores constam do “Mapa da Violência 2013”, que analisa dados coligidos pelo Ministério da Saúde referentes a 2010. Segundo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa, a média nacional está em 19 mortes por arma de fogo a cada lote de 100 mil habitantes.

A Bahia também tem quatro municípios entre as 10 cidades com as maiores taxas médias de mortes por armas de fogo do país – Simões Filho, que lidera o ranking, Lauro de Freitas (3º colocado), Porto Seguro (6º) e Eunápolis (8º). Entre essas 10 cidades mais violentas, quatro ultrapassam a marca das 100 mortes por armas de fogo por 100 mil habitantes, sendo que dois desses pertencem ao estado da Bahia: Simões Filho (141,5) e Lauro de Freitas (106,6). Porto Seguro tem taxa de 91,4 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes, e Eunápolis soma taxa de 87,4.

Em 2010, Porto Seguro registrou 127 mortes por armas de fogo, todas elas causadas por homicídios. Já em Eunápolis foram registradas 76 mortes causadas por armas de fogo em 2010, sendo que, desse total, 73 foram homicídios.

Contexto internacional

O Brasil, sem conflitos religiosos ou étnicos, de cor ou de raça, sem disputas territoriais ou de fronteiras, sem guerra civil ou enfrentamentos políticos levados ao plano da luta armada, consegue exterminar mais cidadãos pelo uso de armas de fogo do que muitos dos conflitos armados contemporâneos.

Com taxa de 20,4 óbitos por arma de fogo por 100 mil habitantes, o Brasil ocupa a 9ª posição entre os 100 países analisados e, no que se refere aos homicídios por arma fogo, a 8ª posição no contexto internacional. Ao todo, foram 38.892 mortes por armas de fogo em 2010.

Pelas escassas fontes disponíveis, o Brasil aparece como o país com maior número de homicídios por armas de fogo do mundo. Dentre os 100 países mencionados a partir de dados da Organização Mundial da Saúde, esse fato se confirma. O Brasil, com seus 36.792 homicídios por AF encontra-se bem à frente do México (17.561homicídios), Colômbia (15.525), EUA (12.179) ou Venezuela.

O Brasil tem taxas de homicídios por armas de fogo quatro vezes superiores aos da China que tem 7 vezes mais população que o Brasil. A Índia, segundo país mais populoso do mundo, com 6 vezes mais habitantes que o Brasil, tem um número de assassinatos com armas de fogo 12 vezes menor.

Waiselfisz atribui o alto índice de mortes na média nacional a três fatores: a facilidade de acesso às armas de fogo, a cultura da violência – muita gente considera normal resolver na base do tiro os conflitos interpessoais – e os elevados níveis de impunidade vigentes. Segundo ele, o arsenal de armas de fogo nas mãos da população é estimado em 15,3 milhões (6,8 milhões registradas e 8,5 não registradas), comprovando a facilidade e o descontrole no acesso às armas.

O sociólogo cita como causa da sensação de impunidade os “baixíssimos” índices de elucidação de crimes de homicídio no Brasil, que variam entre 5% e 8% do total de óbitos. Nos Estados unidos, esse percentual sobe para 65%, no Reino Unido é de 90% e na França, fica em 80%.

Entre 1980, ano que foi tomado como ponto de partida do estudo, até 2010, último dado disponível, morreram no Brasil, segundo os registros do Ministério da Saúde, um total de 799.226 cidadãos vítimas de armas de fogo. Desse total, 450.255 mil deles eram jovens entre 15 e 29 anos de idade, ou 67,1% do total de mortes por armas de fogo nesse período de 31 anos.  Dessa forma as armas de fogo se constituem, de longe, na principal causa de mortalidade dos jovens brasileiros, bem longe da segunda causa: os acidentes de transporte, que representam 20% da mortalidade juvenil.

Entre 1980 e 2010, houve crescimento de 346,5% no número de vítimas por armas de fogo no país, sendo que a população cresceu 60,3%. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o aumento foi ainda maior: passou de 4.415 óbitos em 1980 para 22.694 em 2010: 414% nos 31 anos entre essas datas. Também os homicídios de jovens cresceram de forma mais acelerada: na população como um todo foi de 502,8%, mas entre os jovens o aumento foi de 591,5%.