fbpx

O Mapa da Violência 2013 – Mortes Matadas por Armas de Fogo, divulgado ontem, mostra que 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010. O número é superior aos 36.624 assassinatos anotados em 2009 e mantém o país com uma taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 nações com estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto. Pelo estudo, 70% dos homicídios no país são cometidos com armas de fogo.

Entre os estados que apresentaram as mais altas taxas de homicídios estão Alagoas com 55,3 e Espírito Santo com 39,4 (veja infográfico abaixo). No Pará, o número de assassinatos aumentou 307,2% entre 2000 e 2010, evolução que chegou ainda a 282,2% no Maranhão. O Paraná e Curitiba aparecem em sétimo lugar no ranking dos estados e capitais mais violentas.

Disparidade

Negros aparecem como principais vítimas

O número de negros assassinados é quase três vezes maior que o de brancos mortos por armas de fogo, revela o Mapa da Violência 2013. Pelo levantamento, em 2010 foram assassinados a tiros 26 mil negros e 10,4 mil brancos. A discrepância aparece também nos dados proporcionais. As taxas de mortes violentas são de 26,8 para cada 100 mil negros e de 11,5 para cada 100 mil brancos.

Paraná e Santa Catarina são os dois únicos estados onde a taxa de assassinatos de negros é menor que a de brancos. No Paraná, a taxa de homicídios de brancos é de 30,6 e a de negros é de 16,2.

Para o coordenador da pesquisa, Julio Jacobo Waiselfisz, uma das possíveis explicações para estas diferenças seria de natureza econômica. “Quem pode pagar por estruturas de segurança privada se protege. Quem não pode tem que se contentar com o mínimo de segurança que o Estado oferece”, afirma.

15,3 milhões

de armas de fogo estão nas mãos da população – 6,8 milhões registradas e 8,5 milhões não registradas. Segundo o estudo, isso comprova a facilidade e o descontrole no acesso a elas.

O estudo mostra, no entanto, que o número de mortes por armas de fogo está em declínio em alguns estados. De 2000 a 2010, os assassinatos a tiros no Rio caíram 43,8%. Em São Paulo a queda foi ainda maior, 67,5%, e o estado viu a taxa de homicídios baixar 9,3%. São Paulo, que no início da década passada estava entre os seis mais violentos, aparece desta vez na 24º posição, atrás apenas de Santa Catarina, Roraima e Piauí.

Para Júlio Jacobo Wai­­selfisz, coordenador do Mapa da Violência 2013, a declarada priorização da segurança pública por governadores e iniciativas do governo federal, como a campanha do desarmamento, não foram suficientes para forçar a queda dos índices de violência na primeira década do século 21.

O estudo confirma ainda a “nacionalização” dos homicídios. O número de assassinatos a tiros tem aumentado em áreas tradicionalmente hospitaleiras do Norte e do Nordeste e diminuído no Sudeste, a partir de avanços registrados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Dos cinco estados mais violentos do país em 2010, três estão na região Nordeste: Alagoas, Bahia e Paraíba.

Para Jacobo, a escalada da violência no Nordeste mostra uma expansão em âmbito nacional da criminalidade. As mortes violentas, que antes de concentravam em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio, estão se espalhando pelo país. O movimento acompanharia a desconcentração industrial e os deslocamentos populacionais ligados às atividades econômicas.