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Relatório do Mapa da Violência 2012, elaborado pelo Instituto Sangari com o Ministério da Justiça aponta a cidade de Dourados como a segunda maior do Estado em número de assassinatos contra mulheres. O município perde apenas para Ponta Porã, que é a mais violenta do Estado, segundo a pesquisa. O estudo serviu de base para que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional comece a partir de hoje uma diligência em Mato Grosso do Sul. A comissão tem como objetivo investigar a situação da violência contra a mulher no Brasil e apurar denúncias de omissão do poder público. Os trabalhos vão ficar concentrados em Campo Grande.

De acordo com o Relatório, que foi desenvolvido este ano e divulgado na semana passada, a taxa de homicídios contra mulheres em Dourados é de 7,0 para cada grupo de 100 mil mulheres. O número é acima da média nacional que é de 4,4. A pesquisa leva em conta os assassinatos entre 2008 e 2010. Neste período e com uma população feminina de 99.761, a cidade registrou 18 assassinatos, ocupando a 135º posição no ranking nacional. A mesma pesquisa mostra que em 2011 foram prestados 118 atendimentos de violência contra a mulher. Destes, 109 foram de agressão, 56 psicológica, 18 estupros, 1 negligencia e 14 outros tipos de violência não mencionados. A taxa de violência foi de 118,3 para cada grupo de 100 mil mulheres.

A titular da Delegacia da Mulher em Dourados, Roseli Galego, diz que hoje em Dourados o número de homicídios contra mulheres é irrisório. Segundo ela, este ano tem conhecimento de apenas um caso.

A redação apurou que Roseli Aparecida Mendes da Silva, 31 anos, foi morta, em junho deste ano, após ser baleada com um tiro de revólver na cabeça. O impacto do tiro foi tão forte que parte da massa encefálica foi arrancada do crânio. Ela foi levada em estado gravíssimo ao Hospital da Vida, mas morreu logo depois de dar entrada no local. A Polícia investiga o caso.

De acordo com a delegada, as tentativas de homicídio são mais comuns do que os assassinatos. Ela explica o perfil da vítima. “Geralmente a mulher é de baixa renda, moradora em periferia, tem entre 30 e 50 anos e o agressor tem algum envolvimento com álcool”, destaca, observando que o autor é preso em flagrante, ou a delegacia ingressa com representação de prisão contra ele. A delegada afirma que vem atuando de forma sistemática para combater a violência contra a mulher em Dourados, através dos atendimentos prestados.

VIOLÊNCIA

Dados do Programa Viva Mulher em Dourados apontam que até outubro desse ano, 1.481atendimentos foram prestados a mulheres vitimas de violência. Caso que chama a atenção é que justamente no mês das mães houve maior número de atendimentos relacionados a violência. Maio desde ano somou exatos 200 atendimentos. No total deste ano 334 mulheres foram atendidas até outubro. Durante o ano inteiro de 2011, 329 mulheres foram atendidas.

De acordo com a coordenadora do Programa, Elizabeth Dias Coca do Nascimento, O Viva Mulher é um centro de referência e orientação no processo de resgate da mulher como ser social e tem o papel de dar atendimento e acompanhamento social e psicológico à mulher em situação de violência, fortalecendo sua autoestima e possibilitando que esta se torne sujeito de seus próprios direitos. Oferece suporte jurídico por meio da defensoria pública da mulher.

Mato Grosso do Sul

Segundo o Mapa da Violência 2012, Mato Grosso do Sul é o 5º lugar entre os estados do País em assassinatos de mulheres, com taxa de homicídios de seis assassinatos para grupo de 100 mil mulheres, acima da média nacional, que é de 4,4. O primeiro colocado é o estado do Espírito Santo (9,4), o segundo Alagoas (8,3) e o Paraná aparece na terceira colocação (6,3).

Em relação a MS, cidade de Ponta Porã é a mais violenta do Estado e ocupa a 10ª colocação entre as 100 cidades mais violentas do Brasil. A taxa de homicídios é de 17,8 assassinatos para grupo de 100 mil mulheres. A cidade supera as capitais mais violentas do Brasil, como Porto Velho, Rio Branco e Manaus, que têm índices acima dos 10 homicídios em 100 mil habitantes. A cidade de Três Lagoas ocupa a 3º posição, seguida de Corumbá, que tem a 4º posição no Estado. A capital, Campo Grande, possui taxa de homicídios de 3,3 assassinatos para grupo de 100 mil mulheres e ocupa a 24ª colocação entre as capitais do Brasil no quesito violência contra as mulheres e a 5ª posição no Estado.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que a violência doméstica é a principal causa de lesões em mulheres de 15 a 44 anos no mundo. O Brasil é o 7º país que mais mata mulheres no mundo. Nos últimos 30 anos foram assassinadas mais de 92 mil mulheres, 43,7 mil só na última década. Conforme a pesquisa, 68,8% dos homicídios ocorrem dentro de casa e são praticados pelos cônjuges.

Serviço

O Programa Viva Mulher está localizado na Rua Hiran Pereira de Matos, 1520, na Vila Mary. O telefone é 3424-5268. Email: vivamulherdourados@hotmail.com