fbpx
Atividades iniciam na semana em que três homens foram presos por violência doméstica na região

Um crime registrado em setembro deste ano chocou a comunidade regional. Luiz da Silva, conhecido como “Coruja”, desferiu dois golpes de machado contra a cabeça da ex-companheira, uma mulher de 27 anos.

A agressão ocorreu na presença dos três filhos dela no dia em que a vítima saiu de casa para ir até a delegacia de Campo Erê, onde daria continuidade aos procedimentos efetuados contra o ex-marido. Ela já havia prestado queixa por causa das constantes ameaças do ex-marido.

A mulher foi socorrida mas, enquanto se recuperava dos ferimentos, foi novamente ameaçada pelo agressor. A situação fez com que a Polícia Civil intensificasse as investigações para localizar e prender “Coruja” nesta semana.

Na quinta-feira (22), a Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão preventivo contra um homem de 37 anos em Barra Bonita. Segundo a delegada, Lisiane Junges, o agressor desrespeitou uma medida protetiva expedida em virtude de crimes de injúria, ameaça e lesão corporal. Ele se aproximou da família e agrediu um dos filhos.
 Já na madrugada de ontem outro homem foi preso por violência doméstica no Conjunto Habitacional Vila Nova I. A mulher teve ferimentos na face e precisou ser encaminhada para atendimento médico.

Os casos endossam dados da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180. Em todo o Brasil, 80% das mulheres vítimas de violência doméstica são agredidas todos os dias ou pelo menos uma vez por semana. Em 66% dos casos, os filhos presenciam as cenas de violência.

A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), realizada pelo Senado para investigar a violência contra a mulher no país, também indica que Santa Catarina ocupa a 23ª posição no Mapa da Violência 2012, com uma taxa de 3,6 mortes por grupo de 100 mil mulheres. A média nacional é de 4,5 homicídios.

Para sensibilizar a sociedade e encontrar políticas públicas que possam coibir todos os tipos de violência contra mulheres e meninas, já que estas também estão à mercê inclusive de pedófilos, como indica o caso que envolve um professor e alunas de uma escola de Barra Bonita, investigado pela Polícia Civil de São Miguel do Oeste desde o final de outubro, ontem foi lançada uma campanha. A iniciativa é do Comdim (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher). 

A CAMPANHA

Um debate na Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste na noite de sexta-feira (23) marcou  o lançamento da “Campanha 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher”. Com o trabalho, segundo a presidente Ângela Chemin, o conselho reafirma sua postura e soma força com as organizações do mundo todo que têm o mesmo objetivo.

Ela lembra que a campanha acontece todo ano, simultaneamente, em 159 países. A intenção é erradicar qualquer tipo de violência contra mulheres a partir de ações educativas e de conscientização, intensificadas no período de datas históricas e marcos de lutas sociais.

A programação inicia em 20 de novembro com o Dia Nacional da Consciência Negra,  passa por 25 de novembro no Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres, em 1º de dezembro com o Dia Mundial de Combate à Aids, passa pelo dia 06 de dezembro, que marca a Campanha do Laço Branco – “Homens pelo fim da violência contra a mulher”  – e termina no dia 10 de dezembro, com o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Conforme a presidente do Comdim, várias ações serão realizadas durante o período. Depois do debate de sexta-feira, no sábado aconteceu o Pedágio ‘Basta de Violência Contra Mulheres e Meninas’, com entrega de adesivos aos motoristas. O objetivo é dar visibilidade à campanha. Nesta semana, haverá formação das conselheiras.

Ela ressalta que todo tipo de violência: física, sexual, psicológica, moral, patrimonial, intrafamiliar, doméstica, conjugal, e ou institucional, tem que ser entendido como um problema social e de saúde pública que atinge toda a sociedade. “Venha você também se somar a esta luta que é de todos. Dê um basta à violência contra as mulheres e meninas. Denuncie, se indigne, participe”, convida a presidente.

Fragilidades

Neste ano, a falta de estrutura e de recursos para o atendimento de mulheres vítimas de violência e o grande número de agressões no Brasil foi o foco do ciclo de audiências públicas promovidas pela CPMI da Violência Contra a Mulher. A iniciativa do Senado, em conjunto com a Secretaria de Políticas para Mulheres, revelou fragilidades:

– Não há serviço especializado para atendimento às mulheres nem em 10% dos municípios brasileiros.

– Na Central de Atendimento à Mulher, criada em 2005, o serviço telefônico 180 recebe em média 1.828 chamadas por dia. Dessas, 89% são feitas pela própria vítima. Os dados ainda mostram que 40,6% das vítimas de agressões sofrem há pelo menos 10 anos com o problema, sendo que em 58,6% dos casos a violência é diária.

– 59% das mulheres que sofrem violência não são dependentes financeiramente de seus companheiros.

– O Brasil é o 12º em taxa de homicídio feminino no mundo, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde. 

– No Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas, a violência doméstica custa R$ 10,5% do PIB (Produto Interno Bruto).