Em 10 anos, Minas Gerais registrou o maior avanço percentual na mortalidade por acidentes de trânsito da Região Sudeste. O aumento chega a 80%, comparando os anos de 2000 e 2010. Os dados são do Mapa da Violência 2012, elabordo pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz e divulgado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela). A pesquisa é baseada em dados colhidos pelo Ministério da Saúde. O Espírito Santo ocupa a segunda posição entre os estados do Sudeste, com aumento de 35,1%, seguido por São Paulo, com 16,2%. No Rio de Janeiro, onde a fiscalização da Lei Seca (em vigor desde julho de 2008) é mais rigorosa, houve redução de 11,6% nos óbitos. Se computados somente os números de 2010, Minas, que tem a maior malha rodoviária do país, liderou também no número de mortes, com 1.930 casos (dados preliminares), seguido por São Paulo (1.735).
Nas taxas de óbitos (em 100 mil habitantes) por acidentes e por categoria de veículos, Minas também tem o segundo pior índice do Sudeste, com 20,6 mortes, atrás do Espírito Santo (32,1) e acima de São Paulo (16,8%) e Rio de Janeiro (14,4). Do total de mortes no estado, 20,7% envolviam motocicletas.
Ao considerar a taxa de mortes para cada 100 mil habitantes no ordenamento das capitais, a situação de Belo Horizonte melhorou em 2010 em relação a 2000. Há 12 anos, BH registrava 20,7 mortes e ocupava o 18º lugar no ranking. Em 2010, taxa caiu para 15,5, valendo a 22ª posição.
Além das capitais, foram apontados os municípios com mais de 15 mil habitantes com as maiores taxas de mortes no trânsito em 2010 (por 100 mil habitantes). Entre os 10 primeiros, Prata, no Triângulo Mineiro, ocupa a nona posição nacional. A cidade tem 25.592 habitantes e 9.105 veículos (4.496 deles, automóveis). Lá foram registradas 30 mortes – taxa de 116,3. Francisco Sá, no Norte de Minas, com 26 mortes, está no 11º posto.
O levantamento constatou que no Brasil as motos foram as principais responsáveis pelo crescimento da mortalidade nas vias públicas. Dois terços (66,6%) das vítimas de trânsito em 2010 foram pedestres, ciclistas e/ou motociclistas. “Mas há significativas quedas na mortalidade de pedestres, manutenção das taxas de ocupantes de automóveis, e leves incrementos nas mortes de ciclistas”, conclui a pesquisa.
Ainda de acordo com o levantamento, entre 1996 e 2010 foram registradas mais de 500 mil mortes em acidentes de trânsito no Brasil. O estudo conclui que nos anos finais da década de 1990 houve desaceleração na evolução da mortalidade. Até 1997, houve aumento significativo no número de mortes. Com o novo Código de Trânsito (de setembro de 1997), as taxas caíram até o ano 2000. “Mas a partir daí é possível observar incrementos, de 4,8% ao ano, fazendo com que os quantitativos retornassem, já em 2005, ao patamar de 1997, para continuar depois crescendo de forma contínua e sistemática”, indica o estudo.
Risco de passar a média de homicídios
Em 2010 houve 40.989 mortes (alta de 41,4% em relação a 2000, com 28.995), com tendência a subir. “A continuar com o ritmo de crescimento dos últimos anos, para 2015 deverão ultrapassar o que era, até pouco tempo atrás, o grande vilão na letalidade nacional: os homicídios. Não é que os homicídios tenham caído. Mantêm-se estáveis, mas num patamar elevado: 50 mil vítimas ao ano, o que equivale a taxa em torno de 26 homicídios para cada 100 mil habitantes. O que está crescendo, de forma muito rápida, são as mortes no trânsito”, conclui a pesquisa.
De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em 1970 as motos eram 2,4% dos 2,6 milhões de veículos no país – 62.459. “Já em inícios da década analisada, eram 4 milhões (13,6% da frota total). Em 2010, 16,5 milhões, ou 25,5%”, indica o levantamento. Comparando os números de mortes envolvendo motocicletas, em 1996 e 2010, o aumento foi de 846,5%.
Crimes mapeados segundo sexo e cor
A pesquisa constatou ainda que entre 1980 e 2010 foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no Brasil – 43,7 mil só na última década. Parceiros e ex-parceiros são os principais agressores, seguidos dos pais. A violência acorre predominantemente nas residências das vítimas (71,8%). O número de mortes nesse período passou de 1.353 (1980) para 4.465 (2010).
O mapa registrou também a variação de homicídios segundo a cor das vítimas. Segundo o estudo, enquanto o número de mortes de brancos caiu 25,5% no país entre 2002 e 2010, o de negros aumentou 29,8%. Em números absolutos, o total de vítimas negras subiu de 26,9 mil para 34,9 mil, ante uma redução de 18,8 mil para 14 mil nos assassinatos de brancos, no mesmo período. O estudo classifica como negras as vítimas pretas e pardas.
JOVENS
Entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, o número de homicídios entre 2000 e 2010 cresceu 82% em Minas, a pior taxa do Sudeste. No Espírito Santo, o índice subiu 49,8%. Houve queda de 37,1% no Rio e de 78,2% em São Paulo. No país, a pior situação é da Bahia, onde o número de assassinatos de menores aumentou 477,3%, seguido pelo Pará (367,4%).
Já a taxa de homicídios de crianças e adolescentes aumentou 16% na década no país. Nas capitais do Sudeste, o maior índice foi registrado em Vitória (65,9%). Belo Horizonte ficou estabilizada, em segundo lugar (0,6%). (Com agências)
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